29 setembro 2006

5 AM

Your softly spoken words,
Release my whole desire,
Undenied,
Totally.

And so bare is my
heart,
I can't hide,
And so where does my
heart,
Belong.

Now that I've found you,
And seen behind those eyes,
How can I,
Carry on.



For so bare is my heart,
I can't hide,
And so where does my heart,
Belong.


ao som de pORTISHEAD

Rainer Maria Rilke disse "escreve apenas quando achares que morres se o não fizeres"... talvez por isso e muito mais o tivesse de fazer. *

27 setembro 2006

A masterpiece



Queen live in 1977

obrigada amigo Elysium por me teres apresentado esta música.
confesso que não a conhecia mas desde então tenho-a ouvido constantemente.
e não me canso.. da melodia, da letra.. é extremamente poderosa.


«Look into my eyes and you'll see I'm the only one
You've captured my love, stolen my heart, changed my life
Every time you make a move you destroy my mind
And the way you touch I lose control and shiver deep inside
You take my breath away.

You can reduce me to tears with a single sigh
Every breath that you take, any sound that you make
Is a whisper in my ear..
I could give up all my life for just one kiss
I would surely die if you dismiss me from your love
You take my breath away.

So please don't go... don't leave me here all by myself
I get ever so lonely from time to time
I will find you anywhere you go, I'll be right behind you
Right until the ends of the earth
I'll get no sleep till I find you to tell you
That you just take my breathaway

I will find you...
I'll get no sleep til I find you to tell you when I've found you...
- I love you...»

sem titulo













On the floating, shipless, oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me, let me enfold you."
Here I am, here I am... waiting to hold you.


Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning, broken lovelorn on your rocks.
For you sang "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?


Here me sing:
"Swim to me, swim to me, let me enfold you."
Here I am, Here I am, waiting to hold you."


This Mortal Coil - «Song to the siren»
(uma das versões desta música, original de Tim Buckley)

26 setembro 2006

my weakness..

She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My fake plastic love.


But I cant help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run


And it wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out.

And if I could be who you wanted
If I could be who you wanted,
All the time, all the time, ohhh... ohh...

Radiohead - Fake Plastic Trees


não temas provar o sabor das tuas lágrimas.. preocupa-te antes quando não conseguires chorar.
se choras é porque ainda te é permitido sentir..

25 setembro 2006

Crosses













Don't you know that I'll be around to guide you
Through your weakest moments to leave them behind you
Returning nightmares only shadows
We'll cast some light and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright for now
Crosses all over, heavy on your shoulders
The sirens inside you waiting to step forward
Disturbing silence darkens you sight
We'll cast some light and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright for now

Crosses all over the boulevard
Crosses all over the boulevard
Crosses all over the boulevard
Crosses all over the boulevard

The streets outside your window overflooded
People staring, they know you've been broken
Repeatedly reminded by the looks on their faces
Ignore them tonight and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright

José Gonzàles - Crosses (Veneer)


esta música faz parte do albúm Veneer.. das melhores surpresas musicais que tive o prazer de fazer ultimamente. músicas intimistas, em acústico que nos permitem viajar e sentir como poucas têm esse poder.
confesso que ando viciada.. talvez pela chegada do outono em particular faz-me apetecer ouvir ainda mais estes sons.
obrigada a quem mos fez descobrir. obrigada aos que me passam pela mente de cada vez que os escuto.. e julgo que não sabem disso. obrigada a quem ontem me falou na letra desta música ontem à noite no metro e também entende este poder ao qual é impossivel resistir, mesmo que faça para ele uma outra interpretação.

22 setembro 2006

And you even spoke to me, and said:
"If you're so funny then why are you on your own tonight?
And if you're so clever then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking why do you sleep alone tonight?
I know ...'cause tonight is just like any other night That's why you're on your own tonight with your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."

"It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind
Over, over, over, over
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind"

Love is natural and real but not for you, my love
Not tonight, my love
Love is natural and real but not for such as you and I, my love

The Smiths - I know it's over

19 setembro 2006

Retrato de um país que ainda é o nosso

Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.Chama-se FMI.Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...É o internacionalismo monetário!

FMI
Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?
Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde.
Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é?
Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho?
Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: «Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é?» Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho?
Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida!
Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?A one, a two, a one two three

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas!
E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho?
Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é?
Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa...
Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada!
Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho?
Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah?
Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho?

Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?
Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade?
Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade?
Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né?
Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho?

Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá!
Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas.
A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou!
Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é?
Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava!
É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho?
Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega.

Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo!
Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas!
Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento.
Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever!
Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah?

Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah?
Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois?
É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê?
Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos!
Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta!
Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado.
Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta.
Eu quero morrer sozinho ouviram?
Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora.
Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem?
Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar.
Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: «Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir.»
Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.
De quem é o carvalhal? É nosso!
Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei.
Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena.
Diz lá, valeu a pena a travessia?
Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco.
Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram.
A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes.
Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

(José Mário Branco)

no title at all













«Como um cavalo selvagem andei sem rédeas pela vida
Como carne, como sangue, estanquei cada ferida.
Como um pássaro de asas quebradas andei sem pouso certo.
Como um anjo de asas cortadas andei perdido no deserto.

Como fogo, com água acabei por ser combatido.
Como cheiro, pelo ar voo sempre perdido.
Como esta música que toca abafei silêncios.


Como pedra certeira parti os medos mais densos.
Como areia nos olhos incomodei os mais fracos.
Como tiro certeiro transformei fortes em cacos.

Como lápis, em papel reescrevi muitos destinos.
Como linhas de comboio cruzei novos caminhos.

Como tudo, como nada
Chego sem avisar
Sou o amor, sou a dor
O que me quiseres chamar .»

ao som de Patrice - Sunshine

18 setembro 2006

Este caminho...

Este caminho que percorro,
E não conheço;
Este caminho acidentado
Que não sei porque mereço.
Percorro-o não sabendo para onde vou,
Percorro-o não sabendo bem quem sou.
Não sei onde me levará,
Não sei onde acabará.
O que faço?
Estou perdido como sempre
Porque nesta estrada da vida
Não posso voltar atrás,
Tenho medo de ir em frente.
Mas o mais triste desta viagem
É ter de a percorrer sozinho.


(Alexandre O' Neill)













«And sometimes you close your eyes and see the place where you used to live
when you were young
You sit there in your heartache
waiting on some beautiful boy to save you from your old ways
You play forgiveness
Watch it now - here he comes».

The Killers
«Esqueci-me do tempo,
E voltei a procurar-te como antes,
Como se fosse a primeira vez,
Como se fosse a ultima vez,
Suspiros viram ventanias,
Recordações dão lugar a fantasias,
Voltei a pensar em ti,
É demasiado o tempo,
Que perco com sentidos,
Sem sentido, por muito que já o tenha perdido,
O tento, que tento manter atento,
Sobre a pele doce e louca ao seu sustento,
Eras tu no meu corpo,
Demasiado imperiosa para te mandar parar,
Excessivamente irresponsável para te mandar calar,
E tudo acontecia,
Os destroços arrastavam-se pelo chão,
Eram nossos ossos, e algumas pétalas de paixão,
Uma nova vontade tinha então nascido entre nós,
O de recuperar o fôlego, e sentir tudo de novo,
Mas mais intensamente, mais delirante,
Mais sedução em traços largos de aspirante,
A algo que ainda não sabia bem o que era,
E que nunca cheguei a saber,
Lanço recordações no embalar do novo vento,
Talvez porque não te tenho, esqueci-me do tempo…»



Um dia destes todos encontramos o caminho, mesmo que não seja tão largo como imaginámos, talvez não tenha a paisagem que sonhámos..
Mas será sempre o nosso caminho.
Um dia destes todos esquecemos as mágoas, todos saramos as feridas e deixamos o tempo correr,
Pegamos nas coisas sem ter medo de as perder..
E deixamos movimentar as águas.



cause my love.. is so easy to pretend that somethings never happend..
I guess.. : /

17 setembro 2006

Everybody here wants you..













..and the rain is falling and I believe...
my time has come.
it reminds me of the pain
I might leave,
leave behind.















wait in the fire..
wait in the fire..

and I feel them drown my name
so easy to know and forget with this kiss
I' m not afraid to go but it goes do slow...

Jeff Buckley - Grace

16 setembro 2006

Science of silence


Oh baby I don't know where I'm going

All I know is that I need you as a friend...

Nothing really ends.......














The plan it wasn't much of a plan
I just started walking
I had enough of this old town
had nothing else to do
It was one of those nights you wonder how nobody died we started talking
You didn't come here to have fun you said: "well I just came for you".

But do you still love me? do you feel the same?
Do I have a chance of doing that old dance with someone I've been pushing away

And touch we touched the soul the very soul, the soul of what we were then
With the old schemes of shattered dreams lying on the floor
You looked at me no more than sympathy my lies you have heard them
My stories you have laughed with my clothes you have torn

And do you still love me? do you feel the same?
And do I have a chance of doing that old dance again
Is it too late for some of that romance again
Let's go away, we'll never have the chance again
You lost that feeling
You want it again
More than I'm feeling you'll never get
You've had a go at all that you know
You lost that feeling so come down and show

Don't say goodbye let accusations fly like in that movie
You know the one where Martin Sheen waves his arm to the girl on the street
I once told a friend that nothing really ends no one can prove it
So I'm asking you now could it possibly be that you still love me?
And do you feel the same
Do I have a chance of doing that old dance again
Is it too late for some of that romance again
Let's go away, we'll never have the chance again

I take it all from you
I take it all from you
I take it all from you

dEUS - Nothing really ends

uma grande música. e mais nada a acrescentar..

15 setembro 2006

A simple text













«Porque senti que sim, porque soube, porque quis e porque precisei, porque alguns diziam que sim e outros que não, porque alguns nem sonhavam, porque teve de ser ou porque nem me importei, principalmente porque quero, porque tenho medo e tenho coragem, porque é assim e porque eu sou assim, seja lá como for, por tudo.
Porque me sinto livre, porque me sinto vivo.
E porque isso vale tudo.»


(A.)

08 setembro 2006

O significado da AMIZADE



He is afraid. He is totally alone. He is 3 million light years from home.



Elliot: You could be happy here, I could take care of you. I wouldn't let anybody hurt you. We could grow up together, E.T.






Elliot: I'll believe in you all my life.












Elliot: You must be dead, because I don't know how to feel. I can't feel anything anymore.




ontem no Hollywood, este grande filme.. faz-nos sonhar e regressar à infância por momentos.

Uma grande verdade

If I lay here...
If I just lay here

Would you lie with me and just forget the world?

Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life

(snow patrol)



«Em assuntos de amor são os loucos quem tem mais experiência.
Sobre o amor, não perguntes nada aos sensatos: os sensatos amam sensatamente, o que equivale a nunca ter amado.»


(Jacinto Benavente)

06 setembro 2006

For my beautiful one

Today is your Birthday...

desculpa lá, mas tenho de postar isto.. faltam 15 minutos pro derradeiro dia 6 de Setembro e a minha mente tá a funcionar no modo pelicula de cinema.. quem te viu tão pequenito e agora.. 21 aninhos.
tás um homenzinho! :)
tu.. o Plé dos carrinhos da Matchbox, das peças de lego espalhadas pelo chão do nosso quarto, as tuas cidades de Playmobil, as brincadeiras com os nossos triciclos artilhados e presos um ao outro tipo reboque, as esfoladelas nos joelhos, tu na tua aranha a destruires-me as minhas mini cozinhas ou lá que treta era aquela! as pastilhas Pez de limão, as Super Gorila, as palhaçadas constantes e sem hora marcada, as zaragatas do costume e o fazer das pazes.. o acordar cedo para ver os desenhos animados com o Lecas (ai velhos tempos.. mas ninguém bate o Vasco Granja! e que saudades do Bocas!!!), as tardes com a avó e a tia.. as cantorias até madrugada antes de adormecer, as conversas sérias, o ombro amigo, as palavras exactas ditas na hora certa.. a partilha do que podemos chamar de vida.
hoje ouvi dizer que está aí um estudo qualquer que prova por A mais B que os irmãos contribuem para a construção do que somos.. nos «moldam».
se assim fôr espero ter estado á altura, e espero continuar a estar lá sempre para ti.. tu sabes que não sou nenhum modelo de perfeição, mas por ti posso esforçar-me e a única coisa que te posso prometer ao longo desta vida é que estarei sempre ao teu lado.. em tudo o que fizeres, o que decidires.. porque sim.

porque não tem de haver motivo maior além do amor que te tenho, meu irmão.
e o orgulho que tenho em dizê-lo: meu irmão.

em mim deixáste a tua marca. a minha vida sem ti seria bem vazia.
tu és o meu mano canito, faças tu a idade que fizeres e vais ocupar sempre um lugar eterno no coração aqui desta gaja sentimentalona.
desculpa a lamechice.. também não sei se acaso vais dar com este texto.. mas não podia deixar de o escrever.
foi mais forte q eu.. e a vida é demasiado curta pra deixarmos de dizer o que mais importa a quem nos é importante.
quero que sejas eternamente feliz!!!
ADORO-TE!!!


p.s - espero que entendas que não vais ter prenda.. ok.. arranjo-te o cd do Gnarls Barkley e não quero cá birras ;) **

05 setembro 2006

mais do que um homem, mais do que uma música

I hurt myself today to see if I still feel
I focus on the pain, the only thing that's real
The needle tears a hold the old familiar sting
Try to kill it all away but I remember everything

What have I become my sweetest friend
Everyone I know goes away in the end
And you could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt

I wear this crown of thorns
Upon my liar's chair full of broken thoughts I cannot repair
Beneath the stains of time the feelings disappear
You are someone else
I am still right here

What have I become my sweetest friend
Everyone I know goes away in the end
And you could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt
If I could start again a million miles away
I would keep myself
I would find a way

Johnny Cash - Hurt

esta música é um poder.. este será sempre um mito.

tem dias nos quais gostava de ter o poder de não me perder nas palavras
.

04 setembro 2006

Back to classics


















There's a lady who's sure all that glitters is gold
And she's buying a stairway to heaven
And when she gets there she knows if the stores are all closed with a word she can get what she came for
And she's buying a stairway to heaven

There's a sign on the wall but she wants to be sure
'Cause you know sometimes words have two meanings.
In the tree by the brook there's a songbird who sings, sometimes all of our thoughts are misgiven.

Oooh…It makes me wonder
Oooh…It makes me wonder

There's a feeling I get when I look to the west and my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees and the voices of those who stand looking

Oooh…It makes me wonder
Oooh…And it makes me wonder

And it's whispered that soon, if we all called the tune then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long and the forest will echo with laughter

If there's a bustle in your hedgerow don't be alarmed now
It's just a spring clean for the May Queen
Yes there are two paths you can go by but in the long run there's still time to change the road you're on

And it makes me wonder…

Your head is humming and it won't go – in case you don´t know the piper's calling you to join him
Dear lady can you hear the wind blow and did you know your stairway lies on the whispering wind
And as we wind on down the road our shadows taller than our souls
There walks a lady we all know who shines white light and wants to show how everything still turns to gold and if you listen very hard the tune will come to you at last
When all are one and one is all, yeah
To be a rock and not to roll

And she's buying a stairway to heaven...

Stairway to Heaven (Led Zeppelin)

a vida pode ser curta mas a arte é eterna


















Jeff Buckley , The mistery white boy

Not just words














Where are you tonight?
Child, you know how much I need it...
Too young to hold on and too old to just break free and run
Sometimes a man gets carried away when he feels like he should be having his fun
And much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that, really, he has no one...

So I'll wait for you... and I'll burn
Will I ever see your sweet return, oh, or will I ever learn

Lover, you should've come over cause it's not too late...

(Jeff Buckley)














The memory of you emerges from the night around me.
The river mingles its stubborn lament with the sea.
Deserted like the dwarves at dawn.
It is the hour of departure, oh deserted one!
Cold flower heads are raining over my heart.
Oh pit of debris, fierce cave of the shipwrecked.
In you the wars and the flights accumulated.
From you the wings of the song birds rose.
You swallowed everything, like distance. Like the sea, like time. In you everything sank!(...)"

Pablo Neruda, "A Song of Despair"