02 novembro 2008

#17 doença.crónica

saímos ao mesmo tempo.. tu percebeste que eu precisava de apanhar ar.. eu caminhava tontamente á tua frente e em todo o caminho tentava esconder-te a minha cara.. tu seguraste-me e no meu pensamento surgiu qualquer coisa como um "obrigado por estares aqui" mas não to disse.
acho que sorrimos.. e eu fui-me embora.. disse-te que ia esperar por ti.
adormeci contigo no pensamento.
sabes aquele sentimento de descontrolo que se procura.. que acontece.. que se sente na alma de quando em quando?
contigo eu sinto-o.
o encaixe. as palavras.. os silêncios.. as discussões.. os risos.. a descontracção.. o à vontade.. as parvoíces.. o querer-te bem.. o sentir a tua falta.. das tuas palavras.. da tua voz.. do teu cheiro.. do teu sabor.. de tudo o que é teu e reconheço.
nem sei como é tão fácil deixar alguém entrar assim na nossa vida, em nós.. e revirar tudo do avesso. é tão perigoso como inevitável.
dizer que se gosta de alguém mas senti-lo realmente em cada parcela do nosso ser, deixarmo-nos tão ou mais nús do que alguma vez estivemos.
fechaste os teus olhos, tinhas um leve sorriso na cara.. e eu abri os meus para te olhar e gravar como numa fotografia a tua expressão.
deixei-me cair em ti e disse amo-te mesmo que sem dizer nada.
acho que tu escutaste.
não me peças para explicar o que sinto por ti.
sente-me, sente por ti mesmo e saberás sempre a resposta.

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