"a jarda é como uma bezana.. mas em bom."
(eu para ele, numa conversa algo cómica.. e com frases sérias.
só tem de se saber quais delas eram sérias e qual delas eram as brincadeiras) ;)
*
espaço para devaneios, disparates, desvarios, desejos, insanidades momentaneas, estados de espirito, rascunhos, meras palavras que formam o esboço de qualquer coisa a que um dia decidi chamar blog.
31 julho 2008
29 julho 2008
escrita criativa 3
o relógio marcava 19h15 quando dobrei a esquina e caminhei os ultimos metros até abrir a porta e ouvi-la depois fechar-se arrastadamente, batendo ruidosamente, espalhando o som pelo atrio.
a musica do mp3 terminara nesse mesmo instante em que abri a porta de casa, como que resposta a um "bem vindo a casa".
no corpo batiam horas de cansaço, de movimentos robotizados.
dirigi-me ao quarto, saco do maço de cigarros, trouxe o isqueiro comigo e entretive-me a passar os dedos suavemente pelas mortalhas enquanto preparava a viagem.
"está feito".
assim que termino a tarefa abro a janela do quarto e apesar da cama estar ali tão confortavelmente disponivel prefiro sentar-me no chão. acendo-o e dou o primeiro bafo.
agora sim..
agarro a folha de papel que tinha trazido comigo e começo a escrever tudo o que tinha feito até então.
presto atenção e nesse momento ouvia-se claramente uma musica de Jamiroquai..
"You Give Me Something.." -- já não tenho bem a certeza se aquela será uma love song ou o relato de alguém que está a ver algo que foi e já não o é.
distrai-me a seguir o trajecto de uma formiga que percorre apressadamente a parede da varanda, desviando-se de todas as fendas que vai encontrando pelo caminho.
desconhece praonde ela vai, mas pelo que observo ela parece conhecer o caminho.
outro bafo e desabafo.
o olhar cola-se no pouco céu que consegue ver dali, por entre os prédios.. o barulho dos carros lá fora e sons que se parecem vozes de miudos vindos da escola ali perto.
de relance vejo a minha imagem reflectida no vidro da janela. sorrio. sem razão nem motivo. e para ninguém. a não ser por estar ali. brindo àquela sensação de familiaridade.
talvez.
o isqueiro volta a ser preciso.
apetecia-me dizer-te: hey! passa aqui por casa, vamos falar e fumar esta juntos. you know..
agarro no telemovel e já por 4 vezes que estou prestes a ligar, mas acabo sempre por não o fazer. incapacidade de comunicação.. e impossibilidade também.
por isso deixo para mais tarde.
liga-me agora.. liga-me neste momento.
humm.. estranhamente o visor do telemovel não dá resposta.
low battery.. but that's not the problem.
a noite começa a cair e arrepios percorrem-me o corpo.
i'm such a fool..
um silencio nada mais é do que palavras que não dizemos ou simplesmente queremos guardar para nós.
(pelo teor da frase feita aqui acima escrita, já bate leve leve(mente) e eu não lhe quero escutar a voz.)
ainda páro muitas vezes a olhar para o teu rosto..
tento captar de ti e guardar para mim aquilo que mereço.
nem melhor nem pior.
a musica do mp3 terminara nesse mesmo instante em que abri a porta de casa, como que resposta a um "bem vindo a casa".
no corpo batiam horas de cansaço, de movimentos robotizados.
dirigi-me ao quarto, saco do maço de cigarros, trouxe o isqueiro comigo e entretive-me a passar os dedos suavemente pelas mortalhas enquanto preparava a viagem.
"está feito".
assim que termino a tarefa abro a janela do quarto e apesar da cama estar ali tão confortavelmente disponivel prefiro sentar-me no chão. acendo-o e dou o primeiro bafo.
agora sim..
agarro a folha de papel que tinha trazido comigo e começo a escrever tudo o que tinha feito até então.
presto atenção e nesse momento ouvia-se claramente uma musica de Jamiroquai..
"You Give Me Something.." -- já não tenho bem a certeza se aquela será uma love song ou o relato de alguém que está a ver algo que foi e já não o é.
distrai-me a seguir o trajecto de uma formiga que percorre apressadamente a parede da varanda, desviando-se de todas as fendas que vai encontrando pelo caminho.
desconhece praonde ela vai, mas pelo que observo ela parece conhecer o caminho.
outro bafo e desabafo.
o olhar cola-se no pouco céu que consegue ver dali, por entre os prédios.. o barulho dos carros lá fora e sons que se parecem vozes de miudos vindos da escola ali perto.
de relance vejo a minha imagem reflectida no vidro da janela. sorrio. sem razão nem motivo. e para ninguém. a não ser por estar ali. brindo àquela sensação de familiaridade.
talvez.
o isqueiro volta a ser preciso.
apetecia-me dizer-te: hey! passa aqui por casa, vamos falar e fumar esta juntos. you know..
agarro no telemovel e já por 4 vezes que estou prestes a ligar, mas acabo sempre por não o fazer. incapacidade de comunicação.. e impossibilidade também.
por isso deixo para mais tarde.
liga-me agora.. liga-me neste momento.
humm.. estranhamente o visor do telemovel não dá resposta.
low battery.. but that's not the problem.
a noite começa a cair e arrepios percorrem-me o corpo.
i'm such a fool..
um silencio nada mais é do que palavras que não dizemos ou simplesmente queremos guardar para nós.
(pelo teor da frase feita aqui acima escrita, já bate leve leve(mente) e eu não lhe quero escutar a voz.)
ainda páro muitas vezes a olhar para o teu rosto..
tento captar de ti e guardar para mim aquilo que mereço.
nem melhor nem pior.
26 julho 2008
road to recovery
"Os entroncamentos deviam ter regras próprias previstas no Código de Estrada.
A via que desemboca no entroncamento não devia ter prioridade sobre os da esquerda, porque invariavelmente quem vem de lá vai ter que parar para ir para a esquerda ou a direita.
Nos casos em que isto não servisse, eram colocados na via que continua, num sentido ou nos dois, mas ao menos era visível para quem lá circula de que tinha, necessariamente, de ter cuidado nesse entroncamento."
Nos casos em que isto não servisse, eram colocados na via que continua, num sentido ou nos dois, mas ao menos era visível para quem lá circula de que tinha, necessariamente, de ter cuidado nesse entroncamento."
re-edit:
assumo a incoerencia deste post.. então uma rapariga que até anda a esforçar a mente e a tentar arranjar um tempinho livre e postar alguns dos textos que lhe surgem em momentos onde a inspiração lá vem fazer uma visita, textos cheios de palavras alinhadas e coordenadas, e agora sai-se com esta coisa inusitada???
não me pareceu tão disparatado á pouco quando a imagem deste sinal de prioridade me surgiu qual pop-up na minha cabeça.
e depois do comentário que acabo de ler a esta postagem, sem dúvida alguma, esta é a minha melhor postagem até hoje. obrigado spam.
o meu muito obrigado.
25 julho 2008
o "alimento"
como não encontro inspiração em lado nenhum para postar algo de especial nesta sexta feira em tons de cinza, deixo(vos) um linkzito para um alimento que é digno de ser mencionado.
não sei se o autor se importa com tal invasão, mas achei que o texto merecia.
o importante está aqui.
não sei se o autor se importa com tal invasão, mas achei que o texto merecia.
o importante está aqui.
23 julho 2008
22/07/2008
ontem foi o meu aniversário.
mais um aninho a acrescentar à lista. agora conto com um simpatico numero redondinho: 28.
até agora a experiencia tem sido positiva e ainda não me deram suores frios nem desmaios por pensar na dita chegada aos 30.
não me estou a ver a preocupar com essas mariquices..
um muito obrigad@ a tod@s @s que se lembraram e aquel@s que se esqueceram também.
foram duas noites especiais com pessoas igualmente especiais para mim, e espero próximo ano conseguir contar com tod@s el@s novamente na minha vida.
mais um aninho a acrescentar à lista. agora conto com um simpatico numero redondinho: 28.
até agora a experiencia tem sido positiva e ainda não me deram suores frios nem desmaios por pensar na dita chegada aos 30.
não me estou a ver a preocupar com essas mariquices..
um muito obrigad@ a tod@s @s que se lembraram e aquel@s que se esqueceram também.
foram duas noites especiais com pessoas igualmente especiais para mim, e espero próximo ano conseguir contar com tod@s el@s novamente na minha vida.
17 julho 2008
escrita criativa 2
"tudo dá uma história" disse-lhe ele enquanto sorria. ela fixou-lhe as feições.. deixou o olhar passear-lhe pela cara até se fixar na pequena cicatriz do queixo enquanto esperou pelo beijo da despedida que a acompanharia até à porta de casa.
"até amanhã, dorme bem.."
pelo caminho vai-se lembrando quando saiu de casa numa noite semelhante àquela.
a noite estava mais que fria e isso fê-la levar a apertar contra si umas quantas vezes durante o percurso o casacão de lã grossa que tinha escolhido vestir. antes de sair de casa olhara-se ao espelho mais do que o habitual, na tentativa de prever o que ele veria quando a visse.
ao chegar ao local marcado olhou em volta.. não parecia que ele lá estivesse ainda.. não tardou a reconhecer-lhe as feições enquanto o via caminhar na sua direcção passados poucos instantes.
ambos esboçaram sorrisos meio nervosos/meio controlados de quem não sabe ao certo o que esperar do outro e não quer dizer nenhuma asneira que estrague a tal da primeira impressão que não se volta a repetir para que possa ser corrigida.
sim, essa noite estava realmente gelada, não havia quase ninguém nas ruas, mas eles não tinham destino e por isso todos os caminhos lhes pertenciam.
um táxi parado do outro lado da rua pareceu-lhes convidativo. "praonde é a ida?" pergunta a voz do banco da frente. "olhe.. leve-nos para qualquer sitio onde esteja quente e.. humm.. vá seguindo por ai já lhe dizemos quando surgir uma ideia". riram-se.
claramente o nervoso ainda lá estava mas não estavam já tão preocupados com as formalidades.. durante o caminho algumas vezes os olhares se encontraram.. ela pensava coisas e ele outras tantas.
chegados ao local perderam-se em conversas, copos, olhares, meias frases, e com o cair das horas foi-se instalando a sensação de familiaridade.
o voar do tempo levou-os a pensar no regresso a casa.
a noite continuava gelada.. mas talvez algo tivesse injustificavelmente mudado.
caminharam até à praça de táxis mais próxima. durante o caminho ela pensou beijá-lo. demasiado cedo? ela costumava pensar que sim.. mas não lhe apetecia deixar que ele se fosse embora, mas também não sabia como lhe mostrar para ficar.
o táxi já estava parado á espera.. lá dentro o velho condutor esfregava incessantemente as mãos para espantar o frio. abriram a porta e responderam à pergunta do costume "então praonde é a corrida?". destino escolhido, arrancaram.
a viagem de regresso foi rápida. as luzes de natal que enfeitavam ainda esquecidas a cidade iam deixando para trás um rasto de feixes de luzes coloridas que lhes dançavam nos olhos.
enquanto o táxi seguia velozmente pelo alcatrão ela encostou-se mais a ele e pousou-lhe a cabeça no ombro.. chegou a fexar os olhos algumas vezes.. ele cheirava bem. a certeza que o queria beijar começou a surgir-lhe cada vez mais no pensamento. e não era o alcool a falar.
finalmente o táxi pára. ele sai primeiro e ela desliza em seguida pelo banco preto de napa.
estao os dois frente a frente, apetece-lhes rir.. "bom, é agora.. parece que temos de nos despedir".. antes de o deixar pronunciar mais uma palavra ela põe-se em bicos de pés e passa-lhe a mão no pescoço e beijam-se.
fecha os olhos.. tudo aquilo lhe sabe demasiadamente bem.. como um shot que lhe bate sem aviso.
se daqui começa uma história de amor, cabe imaginar..
de facto tudo dá uma história.
«She was alone for so long that her heart built a wall
and all who tried to get in couldn't even go near
Yet deep inside that fortress
was a lost little girl crying out to be seen and to love tenderly
He had journeyed so far no one's foul would he be
and every moment he swore that his heart would stay free
Yet deep inside that wanderer
was a lost little boy crying out to be seen and to love tenderly»
"até amanhã, dorme bem.."
pelo caminho vai-se lembrando quando saiu de casa numa noite semelhante àquela.
a noite estava mais que fria e isso fê-la levar a apertar contra si umas quantas vezes durante o percurso o casacão de lã grossa que tinha escolhido vestir. antes de sair de casa olhara-se ao espelho mais do que o habitual, na tentativa de prever o que ele veria quando a visse.
ao chegar ao local marcado olhou em volta.. não parecia que ele lá estivesse ainda.. não tardou a reconhecer-lhe as feições enquanto o via caminhar na sua direcção passados poucos instantes.
ambos esboçaram sorrisos meio nervosos/meio controlados de quem não sabe ao certo o que esperar do outro e não quer dizer nenhuma asneira que estrague a tal da primeira impressão que não se volta a repetir para que possa ser corrigida.
sim, essa noite estava realmente gelada, não havia quase ninguém nas ruas, mas eles não tinham destino e por isso todos os caminhos lhes pertenciam.
um táxi parado do outro lado da rua pareceu-lhes convidativo. "praonde é a ida?" pergunta a voz do banco da frente. "olhe.. leve-nos para qualquer sitio onde esteja quente e.. humm.. vá seguindo por ai já lhe dizemos quando surgir uma ideia". riram-se.
claramente o nervoso ainda lá estava mas não estavam já tão preocupados com as formalidades.. durante o caminho algumas vezes os olhares se encontraram.. ela pensava coisas e ele outras tantas.
chegados ao local perderam-se em conversas, copos, olhares, meias frases, e com o cair das horas foi-se instalando a sensação de familiaridade.
o voar do tempo levou-os a pensar no regresso a casa.
a noite continuava gelada.. mas talvez algo tivesse injustificavelmente mudado.
caminharam até à praça de táxis mais próxima. durante o caminho ela pensou beijá-lo. demasiado cedo? ela costumava pensar que sim.. mas não lhe apetecia deixar que ele se fosse embora, mas também não sabia como lhe mostrar para ficar.
o táxi já estava parado á espera.. lá dentro o velho condutor esfregava incessantemente as mãos para espantar o frio. abriram a porta e responderam à pergunta do costume "então praonde é a corrida?". destino escolhido, arrancaram.
a viagem de regresso foi rápida. as luzes de natal que enfeitavam ainda esquecidas a cidade iam deixando para trás um rasto de feixes de luzes coloridas que lhes dançavam nos olhos.
enquanto o táxi seguia velozmente pelo alcatrão ela encostou-se mais a ele e pousou-lhe a cabeça no ombro.. chegou a fexar os olhos algumas vezes.. ele cheirava bem. a certeza que o queria beijar começou a surgir-lhe cada vez mais no pensamento. e não era o alcool a falar.
finalmente o táxi pára. ele sai primeiro e ela desliza em seguida pelo banco preto de napa.
estao os dois frente a frente, apetece-lhes rir.. "bom, é agora.. parece que temos de nos despedir".. antes de o deixar pronunciar mais uma palavra ela põe-se em bicos de pés e passa-lhe a mão no pescoço e beijam-se.
fecha os olhos.. tudo aquilo lhe sabe demasiadamente bem.. como um shot que lhe bate sem aviso.
se daqui começa uma história de amor, cabe imaginar..
de facto tudo dá uma história.
«She was alone for so long that her heart built a wall
and all who tried to get in couldn't even go near
Yet deep inside that fortress
was a lost little girl crying out to be seen and to love tenderly
He had journeyed so far no one's foul would he be
and every moment he swore that his heart would stay free
Yet deep inside that wanderer
was a lost little boy crying out to be seen and to love tenderly»
13 julho 2008
escrita criativa
o encontro tinha sido marcado num café não muito longe dali.
eu nunca lá tinha ido, mas medira a distancia e o tempo que levaria até lá chegar. não queria chegar nem muito cedo nem muito tarde.. não queria dar a impressão que estava ansiosa para o encontrar.
fiquei a observar de fora.. o café tinha um aspecto agradavel, depois de uma vista de olhos rápida dei com ele sentado na ultima mesa do canto perto da janela.
sentei-me silenciosamente á sua frente, amarrotando repetidas vezes o bilhete de metro que tinha utilizado para lá ir ter.
levantou os olhos do jornal que lia umas duas vezes. a primeira para me dizer para me sentar, e a segunda para me dar conta que o meu cabelo estava engraçadamente despenteado. despi o casaco que tinha e tentei ajeitar o cabelo, mesmo não me perguntando o porquê de tal gesto de esmero da minha parte.
enquanto o silencio se prolongava agarrei no pequeno cartão que estava pousado em cima da mesa e dediquei-me a escolher o que pedir.
lá fora começara a chover e entretanto o café ficara mais cheio de vozes e risos das pessoas que apressadamente se abrigaram ali.
entre nós, nem uma palavra. o jornal estava de facto deveras interessante ou ter-se-ia esquecido do que o levara a marcar encontro?
os meus pensamentos soltos foram interrompidos pela chegada de uma rapariga que simpaticamente nos abordou para pedir se podia tirar uma cadeira. eu acenei que sim e ele finalmente interrompeu a leitura.
pergunta-me se já escolhi o que quero. eu digo que sim, e um café surge na mesa passados poucos instantes.
volto a vestir o casaco.. gesto nitido de quem não se sente confortavel no sitio onde está. bolas! como detesto estes dias cinzentos a puxar chuva.. e este meu cabelo realmente valha-me deus.. deve estar mesmo ridiculo.. concluo ao ver o meu semi-reflexo no vidro da janela.
a voz dele como que a começar uma conversa leva-me a descer ao plano do diálogo e a esquecer por instantes os meus desvarios.
enquanto a colher desenha rápidos movimentos na chávena de café ouço-o a dizer qualquer coisa como um temos que falar.
temos que falar.. ninguém diz disto. ou se fala ou não.. simplesmente não se pede permissão para tal. e pronto, lá estava eu já perdida em pensamentos paralelos.
acho que não me mexi muito na cadeira; o café continuava na chavena á espera que eu o bebesse, mas simplesmente não o conseguia fazer. bebi-lhe as palavras.
derepente percebi que não sabia muito bem onde arrumar tanta informação. o meu disco rigido estava completamente cheio.. e o meu lixo emocional à espera de ser varrido definitivamente.
olhei em volta como que a avaliar o ambiente.. as mesas estavam agora todas ocupadas.. pessoas que gesticulavam e riam.. fiz um gesto qualquer no ar como que a dizer volto já e dirigi-me ao lado oposto da sala, junto á maquina de tabaco. tirei uns trocos de dentro dos bolsos das jeans, e juntamento com um papelucho amachucado lá tinha o dinheiro para comprar um maço.
já tinha desistido de fumar à umas boas semanas mas naquele momento algo me fazia desejar por um cigarro.. apetecia-me, simplesmente.
sem mais justificações dei meia volta e voltei á mesa. acendi rapidamente um. isso iria manter-me ocupada, evitar de falar cedo de mais e distrair-me-ia sempre que precisasse de fugir á parte chata da conversa.
incrivel as voltas que dou sobre mim mesma para evitar o embate.
o facto do café possivelmente jà estar mais que frio preocupou-o mais do que a mim. apeteceu-me ser ironica e mandar-lhe uma resposta á cara do tipo.. é para condizer com o ambiente, enquanto faria a minha melhor cara de cabra e lhe lançaria umas baforadas de fumo, mesmo à cena de cinema.
mas ao invés disso concordei e apressei-me a bebe-lo, ainda que mais que frio.
enquanto ele tomava embalo para desenrolar o tal novelo de conversa que agora via que tão cuidadosamente tinha planeado, entreti-me a olhar para a mesa do lado onde estava a tal rapariga que pedira uma cadeira.. achei que estaria possivelmente a ouvir a conversa e apeteceu-me dizer para falarmos noutro sitio que não ali, mas deixei-o continuar.
literalmente estava-me nas tintas para as consequencias que dali adviriam.
estava-me nas tintas para o esforço que ele tinha feito para pôr tudo em cima da mesa.. pensando bem, acho que há muito que já me estava nas tintas para tudo o que o incluisse.
apeteceu-me agradecer-lhe o golpe final, mas não lhe quis facilitar a vida. deixei-o terminar o que viera fazer.
no final duas lágrimas gordas teimaram em descer-me pela cara levando consigo o lápis preto que tão cuidadosamente tinha posto antes de sair de casa, não querendo justificar-me o porquê de tal gesto de cuidado.
tinham acabado de desenhar na minha cara duas linhas ridiculas que rapidamente me apressei a apagar com os dedos..
levantei-me e sai porta fora.. lancei o cigarro à rua, e esqueci.
"out on the corner the angels say, there is a better life for someday" -- Neil Young
eu nunca lá tinha ido, mas medira a distancia e o tempo que levaria até lá chegar. não queria chegar nem muito cedo nem muito tarde.. não queria dar a impressão que estava ansiosa para o encontrar.
fiquei a observar de fora.. o café tinha um aspecto agradavel, depois de uma vista de olhos rápida dei com ele sentado na ultima mesa do canto perto da janela.
sentei-me silenciosamente á sua frente, amarrotando repetidas vezes o bilhete de metro que tinha utilizado para lá ir ter.
levantou os olhos do jornal que lia umas duas vezes. a primeira para me dizer para me sentar, e a segunda para me dar conta que o meu cabelo estava engraçadamente despenteado. despi o casaco que tinha e tentei ajeitar o cabelo, mesmo não me perguntando o porquê de tal gesto de esmero da minha parte.
enquanto o silencio se prolongava agarrei no pequeno cartão que estava pousado em cima da mesa e dediquei-me a escolher o que pedir.
lá fora começara a chover e entretanto o café ficara mais cheio de vozes e risos das pessoas que apressadamente se abrigaram ali.
entre nós, nem uma palavra. o jornal estava de facto deveras interessante ou ter-se-ia esquecido do que o levara a marcar encontro?
os meus pensamentos soltos foram interrompidos pela chegada de uma rapariga que simpaticamente nos abordou para pedir se podia tirar uma cadeira. eu acenei que sim e ele finalmente interrompeu a leitura.
pergunta-me se já escolhi o que quero. eu digo que sim, e um café surge na mesa passados poucos instantes.
volto a vestir o casaco.. gesto nitido de quem não se sente confortavel no sitio onde está. bolas! como detesto estes dias cinzentos a puxar chuva.. e este meu cabelo realmente valha-me deus.. deve estar mesmo ridiculo.. concluo ao ver o meu semi-reflexo no vidro da janela.
a voz dele como que a começar uma conversa leva-me a descer ao plano do diálogo e a esquecer por instantes os meus desvarios.
enquanto a colher desenha rápidos movimentos na chávena de café ouço-o a dizer qualquer coisa como um temos que falar.
temos que falar.. ninguém diz disto. ou se fala ou não.. simplesmente não se pede permissão para tal. e pronto, lá estava eu já perdida em pensamentos paralelos.
acho que não me mexi muito na cadeira; o café continuava na chavena á espera que eu o bebesse, mas simplesmente não o conseguia fazer. bebi-lhe as palavras.
derepente percebi que não sabia muito bem onde arrumar tanta informação. o meu disco rigido estava completamente cheio.. e o meu lixo emocional à espera de ser varrido definitivamente.
olhei em volta como que a avaliar o ambiente.. as mesas estavam agora todas ocupadas.. pessoas que gesticulavam e riam.. fiz um gesto qualquer no ar como que a dizer volto já e dirigi-me ao lado oposto da sala, junto á maquina de tabaco. tirei uns trocos de dentro dos bolsos das jeans, e juntamento com um papelucho amachucado lá tinha o dinheiro para comprar um maço.
já tinha desistido de fumar à umas boas semanas mas naquele momento algo me fazia desejar por um cigarro.. apetecia-me, simplesmente.
sem mais justificações dei meia volta e voltei á mesa. acendi rapidamente um. isso iria manter-me ocupada, evitar de falar cedo de mais e distrair-me-ia sempre que precisasse de fugir á parte chata da conversa.
incrivel as voltas que dou sobre mim mesma para evitar o embate.
o facto do café possivelmente jà estar mais que frio preocupou-o mais do que a mim. apeteceu-me ser ironica e mandar-lhe uma resposta á cara do tipo.. é para condizer com o ambiente, enquanto faria a minha melhor cara de cabra e lhe lançaria umas baforadas de fumo, mesmo à cena de cinema.
mas ao invés disso concordei e apressei-me a bebe-lo, ainda que mais que frio.
enquanto ele tomava embalo para desenrolar o tal novelo de conversa que agora via que tão cuidadosamente tinha planeado, entreti-me a olhar para a mesa do lado onde estava a tal rapariga que pedira uma cadeira.. achei que estaria possivelmente a ouvir a conversa e apeteceu-me dizer para falarmos noutro sitio que não ali, mas deixei-o continuar.
literalmente estava-me nas tintas para as consequencias que dali adviriam.
estava-me nas tintas para o esforço que ele tinha feito para pôr tudo em cima da mesa.. pensando bem, acho que há muito que já me estava nas tintas para tudo o que o incluisse.
apeteceu-me agradecer-lhe o golpe final, mas não lhe quis facilitar a vida. deixei-o terminar o que viera fazer.
no final duas lágrimas gordas teimaram em descer-me pela cara levando consigo o lápis preto que tão cuidadosamente tinha posto antes de sair de casa, não querendo justificar-me o porquê de tal gesto de cuidado.
tinham acabado de desenhar na minha cara duas linhas ridiculas que rapidamente me apressei a apagar com os dedos..
levantei-me e sai porta fora.. lancei o cigarro à rua, e esqueci.
"out on the corner the angels say, there is a better life for someday" -- Neil Young
sons de um domingo..
"Just a minute before you leave, girl
Just a minute before you touch the door
What is it that you're trying to achieve, girl?
Do you think we can talk about it some more?
Come over here from over there, girl
Sit down here. You can have my chair.
I can't see us goin' anywhere, girl.
The only place open is a thousand miles away
And I can't take you there.
I ain't too good at conversation, girl,
So you might not know exactly how I feel,
But if I could, I'd bring you to the mountaintop, girl,
And build you a house made out of stainless steel.
But it's like I'm stuck inside a painting
That's hanging in the Louvre,
My throat start to tickle and my nose itches
But I know that I can't move.
Let's try to get beneath the surface waste, girl,
No more booby traps and bombs,
No more decadence and charm,
No more affection that's misplaced, girl
Don't fall apart on me tonight,
I just don't think that I could handle it.
Don't fall apart on me tonight,
Yesterday's just a memory,
Tomorrow is never what it's supposed to be
And I need you, yeah."
Bob Dylan
12 julho 2008
#14 doença.crónica
levaste-me a passear.
não tinhamos andado muito quando disseste:
- é aqui, chegámos. queres ficar aqui por uns momentos?
- sim, respondi sem ter bem a noção de quanto tempo seria esse tal momento.
- não gosto de ver essa nuvem baça nos teus olhos.. importas-te de sorrir nem que seja um bocadinho?
- porquê?
- porque sim. a tua cara não foi feita para ter essa expressao. faz-me esse favor. faz-te esse favor.
olhei para ti, olhei em volta, suspirei, enchi o peito de ar.. com isso senti um aperto e ao mesmo tempo a dor do alivio que ia chegando.. fechei os olhos e esbocei algo que se assemelhou a um sorriso.
- vês? muito melhor assim.
e por momentos esqueci o que me preocupava. apercebi-me que de facto te preocupavas, que sabias ler algo em mim..
gostei da sensação de saber que alguém se preocupava verdadeiramente com o que sentia.. ou assim parecia.
apeteceu-me dizer algo que talvez pudesse mudar o rumo das coisas, dizer-te aquela palavra.. mas a minha censura não o permitiu.
ao invés disso bocejei apenas um
- acho que começo a gostar deste lugar.
não tinhamos andado muito quando disseste:
- é aqui, chegámos. queres ficar aqui por uns momentos?
- sim, respondi sem ter bem a noção de quanto tempo seria esse tal momento.
- não gosto de ver essa nuvem baça nos teus olhos.. importas-te de sorrir nem que seja um bocadinho?
- porquê?
- porque sim. a tua cara não foi feita para ter essa expressao. faz-me esse favor. faz-te esse favor.
olhei para ti, olhei em volta, suspirei, enchi o peito de ar.. com isso senti um aperto e ao mesmo tempo a dor do alivio que ia chegando.. fechei os olhos e esbocei algo que se assemelhou a um sorriso.
- vês? muito melhor assim.
e por momentos esqueci o que me preocupava. apercebi-me que de facto te preocupavas, que sabias ler algo em mim..
gostei da sensação de saber que alguém se preocupava verdadeiramente com o que sentia.. ou assim parecia.
apeteceu-me dizer algo que talvez pudesse mudar o rumo das coisas, dizer-te aquela palavra.. mas a minha censura não o permitiu.
ao invés disso bocejei apenas um
- acho que começo a gostar deste lugar.
o regresso do Capitão Romance
Foge Foge Bandido - Nunca Parto Inteiramente
é depois de ouvir este senhor que me questiono se é verdade aquela velha história de que soa mal cantar em português.
nada me soa melhor que ouvir o Manel Cruz. faz-me ter saudades dos Ornatos, recordar, e agora ter vontade de explorar estas novas letras.
simplesmente brilhante.
"diz-me o porquê dessa canção tão triste
me fazer sentir tão bem
de certo alguma coisa mais te disse a mesma voz
que tu não dizes a ninguém.."
06 julho 2008
i'm a cartoon I
ora então aqui está a minha 1ª versão em BD:
thanks pela dica. grande site, sim senhor!
aguardam-se novas aventuras desta minha personagem.. tenho de lhe criar uma história à altura ;D
thanks pela dica. grande site, sim senhor!
aguardam-se novas aventuras desta minha personagem.. tenho de lhe criar uma história à altura ;D
05 julho 2008
#13 doença.crónica
já não te lembras o que dizer, nem como agir.
não te lembras para onde ir, já não sabes o que escolher.
apenas vais esperando pela cura, enquanto te enganas, sentes e cedes..
mas eu não posso hesitar nem mais um minuto, quebrar
nem aguardar pelo melhor que dizem que talvez ainda chegue.
pensei que estava a voar mas quando derepente abri os olhos
tudo o que encontrei foi a queda nos erros que fiz a mim mesma no passado
sorri-lhes, acena-lhes.. penso então resignada.. aí estão eles de volta.
acho que sabes o que se passa.
nas madrugadas em que fico a desejar que estrasses no meu quarto,
fico a encantar-me com aquilo que sempre desejei ter,
fico a pensar que vou ouvir as palavras que sempre quis ouvir
e quis que me enganasse mais um pouco ao julgar que alguém na vida as teria guardado para mim.
até me fazeres sussurrar algo ao teu ouvido na remota hipotese de eu ceder..
e depois sairás.
desculpa, tudo isto foi mesmo um erro da minha parte.
foi culpa da minha falsa esperança.
tenta desculpa-la, assim como também me vou desculpando por ainda a ter guardada algures por aqui.
acho que precisava do teu amor.
mas esperei demais.. demasiado.. ou durante demasiado tempo.
fui uma tola por ti desde o inicio. sim, agora bem o vejo.
mas fiquei a aguardar que a tal faísca se acendesse.
aguardei por algum tipo de sinal que me mostrasse que isto era o certo..
e que o melhor estaria de facto ainda por vir.
não te lembras para onde ir, já não sabes o que escolher.
apenas vais esperando pela cura, enquanto te enganas, sentes e cedes..
mas eu não posso hesitar nem mais um minuto, quebrar
nem aguardar pelo melhor que dizem que talvez ainda chegue.
pensei que estava a voar mas quando derepente abri os olhos
tudo o que encontrei foi a queda nos erros que fiz a mim mesma no passado
sorri-lhes, acena-lhes.. penso então resignada.. aí estão eles de volta.
acho que sabes o que se passa.
nas madrugadas em que fico a desejar que estrasses no meu quarto,
fico a encantar-me com aquilo que sempre desejei ter,
fico a pensar que vou ouvir as palavras que sempre quis ouvir
e quis que me enganasse mais um pouco ao julgar que alguém na vida as teria guardado para mim.
até me fazeres sussurrar algo ao teu ouvido na remota hipotese de eu ceder..
e depois sairás.
desculpa, tudo isto foi mesmo um erro da minha parte.
foi culpa da minha falsa esperança.
tenta desculpa-la, assim como também me vou desculpando por ainda a ter guardada algures por aqui.
acho que precisava do teu amor.
mas esperei demais.. demasiado.. ou durante demasiado tempo.
fui uma tola por ti desde o inicio. sim, agora bem o vejo.
mas fiquei a aguardar que a tal faísca se acendesse.
aguardei por algum tipo de sinal que me mostrasse que isto era o certo..
e que o melhor estaria de facto ainda por vir.
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