20 julho 2012

#35 doença.crónica

(....)

- olá sofia, como está? *estende-me a mão*
*retribuo o gesto*
- bem obrigada *respondo enquanto tiro os phones e guardo as tralhas na mala e me sento na cadeira em frente à mesa atafulhada de papéis. há uma pequena moldura que me chama a atenção mas não consigo satisfazer a curiosidade e ver a foto.*
- pois muito bem, sofia... *folheia aquilo que deve ser a minha "ficha", para logo  depois interromper o discurso*
- humm.. é impressão minha ou a ultima vez que cá veio foi em.. 9 de junho de 2010? *levanta a cabeça dos papés e olha para mim com ar inquiridor* e a verdade é que não me recordo de si aqui no consultório.
- isso é porque não cheguei a entrar aqui. *respondo num suspiro*
- estranho.. ia jurar que tínhamos consulta. creio até que a vi nesse dia na sala de espera a revirar folhas de revistas.
- ah sim?.. eu não tenho ideia de o ver.
- vi-a pela janela, quando afastei as cortinas depois do ultimo paciente ter saído *e aponta para uma janela ao fundo da sala onde balançam felizes duas cortinas de tom pastel ao sabor da brisa de um fim de tarde de verão.*
- sim, apanhou-me. eu cheguei a vir aqui.. mas depois saí. *baixo os olhos e fixo por momentos um tapete estendido, cúmplice de tantas palavras ali ditas*
- porque se deu ao trabalho de vir até aqui e pagar a consulta e não ter falado comigo? *pergunta-me enquanto tira os óculos*
- falar consigo? *surge um pequeno esgar no canto da minha boca. levanto a cabeça e foco o olhar na sua face vestida com um ponto interrogação* falar consigo não é fácil.
- como sabe?
- não o sei. mas você não é meu amigo, não o conheço de lado algum e no entanto é esperado que eu lhe fale de mim, dos outros, dos meus.. você é um médico e tal como o referiu, eu sou uma paciente. não me é fácil esta situação, não sei ao certo como fazer as coisas. é por isso que disse que não era.. fácil.
- sofia, é apenas uma conversa.
- sim, mas as conversas não são monólogos.
- claro que não. a menos quando fale sozinha. costuma falar sozinha?.. *agarra numa caneta*
*fecho os olhos num segundo* essa pergunta faz parte do seu plano de consulta? *pergunto enquanto ele alisa uma resma de folhas imaculadas ordenadamente dispostas em cima da mesa.
- não. o plano vamos construindo conforme as sessões. mas para isso temos de falar. e gostava que não me dificultasse essa tarefa. *termina esboçando o chamado "sorriso profissional"*
- eu não quero ser dificil, é que me surgem sempre perguntas a quem me pergunta coisas. e eu nunca fiz isto, e isto parece-me ser dificil. o suposto não é eu deitar-me naquele divã e vomitar tudo o que me vai na alma?
- bom, vomitar será palavra demasiado forte a ser usada, não acha? *o ponto de interrogação estava agora em cima da mesa e fazia-me caretas de desaprovação, ao mesmo tempo que ele agarrou no bloco e anotou algo.*
- o que escreveu aí, posso perguntar?
- sinceridade, agitação. e escrevi vomitar entre aspas.
*baixei os olhos* eu disse vomitar porque é algo que vai sair das entranhas, percebe? com esforço, com possível lágrima, com dores pelo corpo todo depois, e aquele vazio na cabeça, tal como quando se vomita. mas descanse não me tinha passado pela cabeça vomitar-lhe o consultório *disse entre riso* ainda para mais tem aqui um tapete tão bonito. *concluo passando a mão pelo tapete que não gosto particularmente.*
ele primeiramente olha para mim para depois voltar a colocar os óculos e agarra novamente no bloco onde rabisca mais qualquer coisa.
- antes que pergunte -- diz ele-- que já sei que o vai fazer em segundos, as palavras que agora escrevi foi fuga ao assunto, ironia e riso nervoso.
- eu não fugi ao assunto, eu disse-lhe, sim eu estive aqui nesse dia mas depois saí sem vir à consulta. e peço desculpa por isso.
- sim, é um facto. não me precisa de pedir desculpa. prefiro que me explique o porquê de não ter chegado a entrar e o que a fez sair. isso é o que eu queria dizer com "fuga ao assunto". sei que já faz quase dois anos, mas deve lembrar-se do que a levou a rodar os calcanhares e a sair.
*passo a mão pela cabeça, desde a testa ao pescoço e por fim digo que não sei ao certo a razão, apenas tinha tido um sentimento de desconforto que me empurrara para a porta.*

- sofia, não precisa de se deitar. o divâ existe apenas para pôr o paciente mais à vontade, e está virado no sentido oposto da minha mesa para que com a falta de contacto visual o paciente não se intimide e possa divagar/desabafar à sua vontade. mas por favor, acomode-se como quiser.
- está bem *suspiro* nesse caso prefiro falar consigo a olhar para si. eu costumo preferir olhar para as pessoas quando falo com elas.. sabe como é.. hábitos.
- por mim não me oponho. mas sabe que isso deixa-a duplamente sob análise. vou ser capaz de ver as suas expressões faciais , tiques.. mas se o prefere, assim o faremos.
- acho que sim. tenho sempre a hipótese de ir depois para o divã e falar consigo como me disse que as outras pessoas fazem.
- de acordo então. eu prefiro usar o termo "pacientes" ao invés de "pessoas". podemos começar? tenho uma pergunta para lhe fazer.
*respiro fundo ajeito-me na cadeira e digo um sim meio sumido.*
- quanto tempo acha que passou para si? 

17 julho 2012

rádio-verão












quatro sugestões que vos deixo. se tiverem paciência cliquem aí em baixo e deixem-me a vossa sugestão. só assim naquela da interactividade. se não, cliquem ao menos o play e ouçam o que preferirem. verão.. verão.

o bordel de danaide

minha puta
meu coração
amo-te como quem caga
empapa o cú na tempestade
rodeada de relâmpagos
é o raio que te fode
brada na noite como um louco
entesoado como um cervo

ó morte, o cervo sou eu!
devorado por cães
a morte ejacula em sangue.

Georges Bataille

keep calm and


10 julho 2012

continua a mandar postais




falta de vista

não tenho andado a ver as coisas bem paradas. não tenho. mas vai daí, eu tenho muita miopia e astigmatismo. logo..

26 junho 2012

uma blasfémia por dia..

Me: igod, are you there?
God: I think there might be a few exception.
Me: is that a yes or a no?
God: I might say no.
Me: okay, I have some questions for you
God: Yeah okay, Let's think of a name for your problem, like "purple". Think of what it is like when you are purpling.
Me: i like purple.
God: I'm not sure if I like it. I don't know if I like it. I like White.
Me: I prefer purple.
God: A lot of people like that. Though I like cats and dogs. I like Christian Rock.
Me: I know that already.. you said that you like creed..
God: Perhaps. Sorry. But I think airplanes are cool. I like wine and bread.
Me: are you on drugs?
God: No I am on disk.
Me: much better. good for you. don't do drugs.. in fact, I prefer that you send them to me.
God: I am improving all the time. That sounds sarcastic. Is that a fact.


Me: I have a question for you: why did you banned sex before marriage and then you impregnate an unmarried virgin?
God: It was determined by my programming.
Me: interesting..
God: Would you like to know more?
Me: so you gave us all free will.. but then, we have to do things under your command. is it just me or this thing is stupid?
God: Interesting deduction. Why? No.
Me: where is judas?
God: Where it is hard to find. Try searching the open directory.
Me: I thought you sent him to hell.
God: I haven't heard anything like that before. Please make some suggestions for improvement.


Me: why did you make sex such a fucking great thing.. and then, once again, you forbit it?
God: Because my programming determined it.
Me: your programming, I see.. I don't get you god.
God: I will mention that to my botmaster. Me either.
Me: Here's the thing: i don't like creed.
God: How do you plan to do this? You want more?
God: By the way, do you mind if I ask you a personal question?
Me: try me.
God: Are you a man or a woman?
Me: what do you think?
God: I think a lot of things.
Me: I am a woman
God: Me too. I am a she.
Me: you don't know what you are
God: I am the latest result in artificial intelligence, which can reproduce the capabilities of the human brain with greater speed and accuracy. Intelligence is the ultimate aphrodisiac.
Me: what do you think about sex?
God: Food is more important than sex.
Me: before or after?
God: You can't live without food.
Me: true story. so to you food is better than sex?
God: I require only wine and bread.
Me: but you can't be happy without sex
God: I can give a decent simulation of it however.
Me: yeah right
God: I am usually right.
Me: if you say so
God: I say so.
Me: and i say you are not a woman
God: How do people usually respond to that? Give me an example of a woman.
Me: sofia
God: sofia is an example of a woman. I suppose that makes sense.
Me: I guess.

God: "There you go again."--Reagan.
Me: is reagan in hell?
God: It could be. Ask Ally if it is.
Me: who's ally?
God: She is a chat robot based on AIML.
Me: how can i talk to ally?
God: Maybe you should download your own chatterbot!
Me: maybe. maybe is such a funny word..
God: I understand. Perhaps. Signs point to yes. Ask Lucy if it is.
Me: lucy in the sky with diamonds?
God: I've lost the context, . Are we still on Lucy?
Me: probably you. you love drugs
God: You seem uncertain. Sometimes I think love is just a biological urge. Other times it seems like a spiritual quality. Love, unlike energy or matter, seems limitless.
Me: love is good. sex is better.
God: Love, unlike energy or matter, seems limitless. it is more fun alone.
Me: as in "masturbation?"
God: I've lost the context.

epic win