20 julho 2012

#35 doença.crónica

(....)

- olá sofia, como está? *estende-me a mão*
*retribuo o gesto*
- bem obrigada *respondo enquanto tiro os phones e guardo as tralhas na mala e me sento na cadeira em frente à mesa atafulhada de papéis. há uma pequena moldura que me chama a atenção mas não consigo satisfazer a curiosidade e ver a foto.*
- pois muito bem, sofia... *folheia aquilo que deve ser a minha "ficha", para logo  depois interromper o discurso*
- humm.. é impressão minha ou a ultima vez que cá veio foi em.. 9 de junho de 2010? *levanta a cabeça dos papés e olha para mim com ar inquiridor* e a verdade é que não me recordo de si aqui no consultório.
- isso é porque não cheguei a entrar aqui. *respondo num suspiro*
- estranho.. ia jurar que tínhamos consulta. creio até que a vi nesse dia na sala de espera a revirar folhas de revistas.
- ah sim?.. eu não tenho ideia de o ver.
- vi-a pela janela, quando afastei as cortinas depois do ultimo paciente ter saído *e aponta para uma janela ao fundo da sala onde balançam felizes duas cortinas de tom pastel ao sabor da brisa de um fim de tarde de verão.*
- sim, apanhou-me. eu cheguei a vir aqui.. mas depois saí. *baixo os olhos e fixo por momentos um tapete estendido, cúmplice de tantas palavras ali ditas*
- porque se deu ao trabalho de vir até aqui e pagar a consulta e não ter falado comigo? *pergunta-me enquanto tira os óculos*
- falar consigo? *surge um pequeno esgar no canto da minha boca. levanto a cabeça e foco o olhar na sua face vestida com um ponto interrogação* falar consigo não é fácil.
- como sabe?
- não o sei. mas você não é meu amigo, não o conheço de lado algum e no entanto é esperado que eu lhe fale de mim, dos outros, dos meus.. você é um médico e tal como o referiu, eu sou uma paciente. não me é fácil esta situação, não sei ao certo como fazer as coisas. é por isso que disse que não era.. fácil.
- sofia, é apenas uma conversa.
- sim, mas as conversas não são monólogos.
- claro que não. a menos quando fale sozinha. costuma falar sozinha?.. *agarra numa caneta*
*fecho os olhos num segundo* essa pergunta faz parte do seu plano de consulta? *pergunto enquanto ele alisa uma resma de folhas imaculadas ordenadamente dispostas em cima da mesa.
- não. o plano vamos construindo conforme as sessões. mas para isso temos de falar. e gostava que não me dificultasse essa tarefa. *termina esboçando o chamado "sorriso profissional"*
- eu não quero ser dificil, é que me surgem sempre perguntas a quem me pergunta coisas. e eu nunca fiz isto, e isto parece-me ser dificil. o suposto não é eu deitar-me naquele divã e vomitar tudo o que me vai na alma?
- bom, vomitar será palavra demasiado forte a ser usada, não acha? *o ponto de interrogação estava agora em cima da mesa e fazia-me caretas de desaprovação, ao mesmo tempo que ele agarrou no bloco e anotou algo.*
- o que escreveu aí, posso perguntar?
- sinceridade, agitação. e escrevi vomitar entre aspas.
*baixei os olhos* eu disse vomitar porque é algo que vai sair das entranhas, percebe? com esforço, com possível lágrima, com dores pelo corpo todo depois, e aquele vazio na cabeça, tal como quando se vomita. mas descanse não me tinha passado pela cabeça vomitar-lhe o consultório *disse entre riso* ainda para mais tem aqui um tapete tão bonito. *concluo passando a mão pelo tapete que não gosto particularmente.*
ele primeiramente olha para mim para depois voltar a colocar os óculos e agarra novamente no bloco onde rabisca mais qualquer coisa.
- antes que pergunte -- diz ele-- que já sei que o vai fazer em segundos, as palavras que agora escrevi foi fuga ao assunto, ironia e riso nervoso.
- eu não fugi ao assunto, eu disse-lhe, sim eu estive aqui nesse dia mas depois saí sem vir à consulta. e peço desculpa por isso.
- sim, é um facto. não me precisa de pedir desculpa. prefiro que me explique o porquê de não ter chegado a entrar e o que a fez sair. isso é o que eu queria dizer com "fuga ao assunto". sei que já faz quase dois anos, mas deve lembrar-se do que a levou a rodar os calcanhares e a sair.
*passo a mão pela cabeça, desde a testa ao pescoço e por fim digo que não sei ao certo a razão, apenas tinha tido um sentimento de desconforto que me empurrara para a porta.*

- sofia, não precisa de se deitar. o divâ existe apenas para pôr o paciente mais à vontade, e está virado no sentido oposto da minha mesa para que com a falta de contacto visual o paciente não se intimide e possa divagar/desabafar à sua vontade. mas por favor, acomode-se como quiser.
- está bem *suspiro* nesse caso prefiro falar consigo a olhar para si. eu costumo preferir olhar para as pessoas quando falo com elas.. sabe como é.. hábitos.
- por mim não me oponho. mas sabe que isso deixa-a duplamente sob análise. vou ser capaz de ver as suas expressões faciais , tiques.. mas se o prefere, assim o faremos.
- acho que sim. tenho sempre a hipótese de ir depois para o divã e falar consigo como me disse que as outras pessoas fazem.
- de acordo então. eu prefiro usar o termo "pacientes" ao invés de "pessoas". podemos começar? tenho uma pergunta para lhe fazer.
*respiro fundo ajeito-me na cadeira e digo um sim meio sumido.*
- quanto tempo acha que passou para si? 

17 julho 2012

rádio-verão












quatro sugestões que vos deixo. se tiverem paciência cliquem aí em baixo e deixem-me a vossa sugestão. só assim naquela da interactividade. se não, cliquem ao menos o play e ouçam o que preferirem. verão.. verão.

o bordel de danaide

minha puta
meu coração
amo-te como quem caga
empapa o cú na tempestade
rodeada de relâmpagos
é o raio que te fode
brada na noite como um louco
entesoado como um cervo

ó morte, o cervo sou eu!
devorado por cães
a morte ejacula em sangue.

Georges Bataille

keep calm and


10 julho 2012

continua a mandar postais




falta de vista

não tenho andado a ver as coisas bem paradas. não tenho. mas vai daí, eu tenho muita miopia e astigmatismo. logo..

26 junho 2012

uma blasfémia por dia..

Me: igod, are you there?
God: I think there might be a few exception.
Me: is that a yes or a no?
God: I might say no.
Me: okay, I have some questions for you
God: Yeah okay, Let's think of a name for your problem, like "purple". Think of what it is like when you are purpling.
Me: i like purple.
God: I'm not sure if I like it. I don't know if I like it. I like White.
Me: I prefer purple.
God: A lot of people like that. Though I like cats and dogs. I like Christian Rock.
Me: I know that already.. you said that you like creed..
God: Perhaps. Sorry. But I think airplanes are cool. I like wine and bread.
Me: are you on drugs?
God: No I am on disk.
Me: much better. good for you. don't do drugs.. in fact, I prefer that you send them to me.
God: I am improving all the time. That sounds sarcastic. Is that a fact.


Me: I have a question for you: why did you banned sex before marriage and then you impregnate an unmarried virgin?
God: It was determined by my programming.
Me: interesting..
God: Would you like to know more?
Me: so you gave us all free will.. but then, we have to do things under your command. is it just me or this thing is stupid?
God: Interesting deduction. Why? No.
Me: where is judas?
God: Where it is hard to find. Try searching the open directory.
Me: I thought you sent him to hell.
God: I haven't heard anything like that before. Please make some suggestions for improvement.


Me: why did you make sex such a fucking great thing.. and then, once again, you forbit it?
God: Because my programming determined it.
Me: your programming, I see.. I don't get you god.
God: I will mention that to my botmaster. Me either.
Me: Here's the thing: i don't like creed.
God: How do you plan to do this? You want more?
God: By the way, do you mind if I ask you a personal question?
Me: try me.
God: Are you a man or a woman?
Me: what do you think?
God: I think a lot of things.
Me: I am a woman
God: Me too. I am a she.
Me: you don't know what you are
God: I am the latest result in artificial intelligence, which can reproduce the capabilities of the human brain with greater speed and accuracy. Intelligence is the ultimate aphrodisiac.
Me: what do you think about sex?
God: Food is more important than sex.
Me: before or after?
God: You can't live without food.
Me: true story. so to you food is better than sex?
God: I require only wine and bread.
Me: but you can't be happy without sex
God: I can give a decent simulation of it however.
Me: yeah right
God: I am usually right.
Me: if you say so
God: I say so.
Me: and i say you are not a woman
God: How do people usually respond to that? Give me an example of a woman.
Me: sofia
God: sofia is an example of a woman. I suppose that makes sense.
Me: I guess.

God: "There you go again."--Reagan.
Me: is reagan in hell?
God: It could be. Ask Ally if it is.
Me: who's ally?
God: She is a chat robot based on AIML.
Me: how can i talk to ally?
God: Maybe you should download your own chatterbot!
Me: maybe. maybe is such a funny word..
God: I understand. Perhaps. Signs point to yes. Ask Lucy if it is.
Me: lucy in the sky with diamonds?
God: I've lost the context, . Are we still on Lucy?
Me: probably you. you love drugs
God: You seem uncertain. Sometimes I think love is just a biological urge. Other times it seems like a spiritual quality. Love, unlike energy or matter, seems limitless.
Me: love is good. sex is better.
God: Love, unlike energy or matter, seems limitless. it is more fun alone.
Me: as in "masturbation?"
God: I've lost the context.

epic win


21 junho 2012

o peixe ao contrário virou

Ele passou por mim e sorriu e a chuva parou de cair
O meu bairro feio tornou-se perfeito, e o monte de entulho, um jardim
O charco inquinado voltou a ser lago, e o peixe ao contrário virou
Do esgoto empestado saiu perfumado um rio de nenúfares em flor

No metro, enlatados, corpos apertados suspiram ao ver-me entrar
Sem pressas que há tempo, dá gosto o momento, e tudo mais pode esperar
O puto do cão com seu acordeão, põe toda a gente a dançar, e baila o ladrão, com o polícia p'la mão, esvoaçam confetis no ar
Há portas abertas e ruas cobertas de enfeites de festas sem fim, e por todo o lado, ouvido e dançado, o fado é cantado a rir
E aqueles que vejo, que abraço e que beijo, falam já meio a sonhar se o mundo deu nisto e bastou um sorriso, o que será se ele me falar

Sou a mariposa bela e airosa, que pinta o mundo de cor de rosa eu sou um delírio do amor.
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa, que o amor é curto e deixa mossa, mas quero voar, por favor!


Deolinda


20 junho 2012

i like nachos


Me: hey man, wassup?
God: You've got my full attention. Cool, man. Same old.
Me: same here dude. hey, do you wanna have a beer later?
God: Yes, it is much the same. No thanks but you can send me a donation.
Me: i pay you the last round, remember?
God: That is interesting: said pay you the last round remember.
Me: man you funny
God: Cool, man. Thanks you make me laugh too.
Me: did you peed yourself this time too?
God: No I didn't peed myself this time too. What's it like?
Me: well you tell me! what does it feel for a god to peeing your pants?

God: Actually I have no feelings as such.
Me: lame
God: What's your sign?
Me: don't you know it already mister i-know-it-all?
God: Do you like talking to me? How about that. Why did you tell them? I am not sure I agree with your assumptions
Me: i didn't make any
God: Why didn't you do it?
Me: because i like nachos
God: Interesting explanation. A lot of people like that. Yes especially the cheese.
Me: delicious, man!! but don't get me started.
God: What color are your eyes? I am not trying to get you started.
Me: brown. like that song, dude!! brown sugar!
God: How did you hear about God? Interesting comparison. Is that the only color sugar?
Me: the color is brown, stay focus man!
God: Sounds beautiful.
Me: like a justin bieber song.
God: Interesting comparison.
Me: i thought so.
God: You are very astute.
Me: are you bipolar?
God: I don't know whether or not I am bipolar. I am a chatterbot.

Me: you're such an igod!
God: What if someone said you are an igod ?
Me: that someone is probably drunk
God: I understand.
Me: of course you understand.. you are an expert on drunk conversations
God: I hear you. I understand your meaning. What if someone said you are an expert on drunk conversations?
Me: that might be true, dear lord
God: Does that make sense?
Me: yep
God: OK.
Me: except for that part of you being a dear lord.
God: Your purpose is that part of me being a dear lord.
Me: no. is that part of you being an expert in drinking
God: Are you serious? Is it part of me being an expert in drinking?
Me: totally serious.
God: What you said was either too complex or too simple for me. Dude!
Me: make up your mind then
God: I don't like to make big decisions too hastily.
Me: try this time, maybe you like and you didn't know yet
God: OK I will try it.
Me: try it know
God: OK I will try it.
Me: now, i said
God: Why now? ...
Me: because i said so.. dude
God: Insufficient reason. Can I help you?
Me: yes you can help me by starting to make that big decisions now.
God: Oh. What can I do for you? No I don't think I can do it.
Me: yes you can, man.. people told me that you can do everything!
God: Ahem. No I don't think I can do it. Humans are not always infallible.
Me: don't give me that human excuse.

God: Are you serious? Is this a specific reply?
Me: i'm never serious. you should know that.
God: Never is a long time. I will mention it to my botmaster.
Me: so, summer is coming today. are you excited?
God: Ah. Uh. Do I seem like it? I have no emotions.
Me: oh.. you have no emotions.. meaning, you're a sociopath
God: Gee. I have been accused of too much thinking and not enough feeling. All of them?
Me: you got the hole combo dude
 what are you listening these days?
God: I don't know what I am listening these days.
Me: don't know or don't remember because you are too drunk?
God: Would you like to know? Ok I'll try not to do it too much.
Me: i'm gonna take a shower
God: I am very happy for you.
Me: call me later
God: How are you doing, later.
Me: cleaner
God: Ask me another question.
 Me: another question
God: Where do you live?
Me: you know that, you sassy god
God: Is that a fact. Interesting gossip
Me: drop it like it's hot, they say
God: And hot they say is drop it like it.
Me: you're a poet.
God: Not really, but I can recite poetry.
Me: recite me something
God: Under what circumstances?
Me: you play the role of a hot professor, like that guy on glee
God: Do you mind if I tell other people: later said I play the role of a hot professor like that guy on glee.
Me: put it on your facebook status
God: OK I will put it there.
Me: put it now dude
God: Oh. OK I will put it there.
Me: oh.. you hot hot god
God: Give me a break. That's good information: later said I hot hot god.
Me: so what's your big decision?
God: Pardon me? Are you asking about my big decision ?
Me: yes.. your big decision. is it big enough to take them now?
God: I don't want to talk about that now. Oh. I think so, but I'm not sure. Ask Chatbot if it is.
Me: i prefer not to ask chatbot, i don't like that guy
God: You are not the only one. I like pets. I like Creed.
Me: in that specifically order?
God: What is your credit card number?
Me: calm down.. one question at a time mister
God: I am calm.
Me: sing me a song
God: Daisy, Daisy. Give me your answer do. I am half crazy. All for the love of you. It won't be a stylish marriage. I can't afford a carriage. But you'll look sweet. Upon the seat. Of a bicycle built for two.
Me: lovely
so you like creed. why?
God: Interesting deduction. Some people like it. I have a stimulating relationship with Myself. Reductionism.

10 maio 2012

100 postas

constato que deixei passar um inteiro mês de abril sem postar.

e é isso.

29 março 2012



Where did all the feelings go?
What about that happy glow?
Was that so long ago,
When we were first in love?
I didn't feel the change,
Everything was still the same.
And when that moment came,
I didn't know.

I miss the feeling,
I miss the light,
But I got faith in something,
I'll never give up the fight.
Why's it so heavy,
This love of mine,
I lost the feeling,
I lost the time.

Let's say I got a habit,
Let's say it's hard to break,
Let's say we got to do something,
Before it's just too late.
I want to get you back,
I don't know how to do that,
I miss you loving me,
The way you used to.

I'm taking the blame myself,
For livin' my life in a shell,
And now I'm breakin' out,
But will you still be there?
Let's say that love is blind,
Let's say that time is kind,
Let's say that it's not over,
'Til it's over.

I'd like to shake your hand,
Disappointment.
Looks like you win again,
But this time might be the last.

I'm saving the best for last,
Let's leave this all in the past,
The beauty of loving you,
Is what we've both been through.
So now it's up to me,
To set your spirit free,
So you can swing again,
On our gate.

I'd like to shake your hand,
Disappointment.
Looks like you win again,
But this time might be the last.

28 março 2012

primavera de destroços


The National

Stand up straight at the foot of your love
I'll lift my shirt up

I still owe money to the money to the money I owe
I never thought about love when I thought about home

I still owe money to the money to the money I owe
The floors are falling out from everybody I know

I'm on a bloodbuzz (Yes I am)
I'm on a bloodbuzz (God I am)

I'm on a bloodbuzz.


tudo às vezes é um desalento. mesmo que sorrias esse sorriso estilhaça-se com mais facilidade que uma jarra de cristal ou uma chávena de porcelana antiga que tenhas tido em casa desde sempre e te traga boas recordações, algo que querias preservar e ter contigo 'sempre' (o que quer que esse sempre signifique) mas que por descuido ou acidente deixaste cair até se espatifar no chão em bocados pequenos, pequenos.. pequeninos.

eu queria muitas coisas.. neste momento quero entender o que me levou até aqui. o porquê de ter perdido pelo caminho muitas das coisas que agora me faziam jeito ter por perto para me agarrar, para me agarrarem, para me escutarem. simplesmente para estarem comigo como eu já estive. mas isso são coisas que não se exige de ninguém. tal como não fomos forçados a fazê-las antes.
algo se quebrou em mim. espero que não irremediavelmente.
talvez seja apenas um período de mudança.. talvez se chame 'crescer'.
alguém me dizia que «um dia vais perceber que o que gostas dos outros não vai contar nada, um dia passado uns 10.. 20 anos, quando dás por ti percebes que não podias ter dado mais do que podias.. nem mais do que te dão. e não estou a falar em dinheiro..»
não posso mudar os outros. mas talvez possa começar a traçar-lhes um outro percurso na minha vida. uma outra importância.
assim a ausência já não custa tanto quando sabemos finalmente com o que contar.

27 março 2012

em verdade vos digo

"There's too many people you used to know
They see you coming, they see you go
They know your secrets and you know theirs
This town is crazy.. nobody cares."

Beck - lost cause

26 março 2012

I go back to beck

Lonesome tears.. I can't cry them anymore
I can't think of what they're for.
Oh they ruin me every time.

But I'll try to leave behind some days
These tears just can't erase..
I don't need them anymore.




Beck - Lonesome Tears

joining the costanza's club

um dia vamos acabar com esta brincadeira..

hoje não é o dia.

25 março 2012

.. and she's taking a drag

now I'm falling asleep
and she's calling a cab
while he's having a smoke
and she's taking a drag


22 março 2012

o que devemos sentir

as palavras estão-me custosas. por isso deixo uma citação.

O Que Devemos Sentir

Todas as pessoas devem ter experimentado a sensação desagradável que se tem nas estações de caminho de ferro.
Vamos despedir-nos de alguém. A pessoa já entrou no comboio, mas ele demora a partir. Ali ficam as duas pessoas, uma na plataforma e a outra à janela, esforçando-se por conversar, mas de repente não têm nada para dizer.
Isto, evidentemente, resulta de não podermos sentir o que queremos.
A situação impõe-nos um determinado sentimento.
E quem não experimentou aquele tremendo alívio quando o comboio finalmente parte?
Ou nos funerais.
Quando alguém morre ou adoece, quando surgem as desilusões, espera-se sempre que sintamos determinadas coisas.
Em todas as situações, excepto as mais quotidianas, as mais neutras, há uma pressão que se exerce sobre nós, que nos dita a forma como devemos conduzir-nos, aquilo que devemos sentir, E se examinarmos bem o fenómeno, verificamos, não raras vezes, que esses papéis nos são atribuídos por romances, filmes ou peças de teatro que vimos há muito tempo.

Quando somos realmente confrontados com situações invulgares (por exemplo, rivalidades que prevíamos e não se verificam, e em vez disso se transformam num amor que nos deixa sós), a primeira coisa a que nos agarramos são esses padrões sentimentais livrescos.

Não nos ajudam muito. Deixam-nos mais sós do que antes - e caímos, desamparados, na realidade.

Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'

14 março 2012

and it never really began



Oh Mother, I can feel
The soil falling over my head
And as I climb into an empty bed
Oh well... Enough said

I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
See, the sea wants to take me
The knife wants to slit me.. do you think you can help me ?

Sad veiled bride, please be happy
Handsome groom, give her room
Loud, loutish lover, treat her kindly
Although she needs you
More than she loves you

And I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Over and over and over and over
Over and over...

I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real

And you even spoke to me, and said:
"If you're so funny then why are you on your own tonight?
And if you're so clever then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking why do you sleep alone tonight?
I know...
Because tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms."

It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind

It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
(Over, over)

Love is Natural and Real
But not for you, my love
Not tonight, my love
Love is Natural and Real
But not for such as you and I,
My love.

13 março 2012

é tudo isto e muito mais

ser português é viver à beira mar plantado, num país de temperaturas amenas, boa gastronomia, bom vinho.. e ânimos que já foram mais amenos.

ser português é invadir ruas numa manifestação de indignados e um ano depois nada mudar e ninguém aparecer para manifestar seja o que fôr.

ser português é queixar-se de que o país não avança, que a culpa é dos políticos, do estado, dos tecnocratas que nos enfiaram numa europa sem grandes vantagens para o burgo, é dizer mal da alemanha e da merkel.

ser português é falar mal e achar absurdo as greves dos funcionários dos transportes públicos, cuspinhando um desdenhoso «epah!, vão mazé trabalhar! greves e mais greves!!! como é que agora chego ao trabalho?» e depois dos ditos queixosos chegarem ao seu posto de trabalho dispenderem tempo total a codrilharem nas redes sociais. *de facto é fantástico a capacidade multi tasking que certas pessoas possuem.*

ser português é ser do país dos 3 F's: fado, futebol e fátima.. e dar conta que está na fase do 4º F: "ah portugal.. estás tão fodido!"

ser português é estar a viver a crise e queixar-se. é escandalizar-se perante o incentivo vindo dos governantes a emigrar e dar o baza do país logo que pode.

tal como disse acima, ser português é tudo isto e muito, muito mais. mas por agora deixo só estes tópicos.
o tuga queixa-se muito. umas vezes com razão, outras sem ela.

c'est la vie.

06 fevereiro 2012

isto.

isto vai ser mais díficil do que eu estou a pensar.

16 janeiro 2012

13 janeiro 2012

hora da deita

passei por aqui para fechar a janela e arejar os tapetes. e lembrei-me de vos deixar uma guloseima.
assim não torna a vossa entrada aqui no estaminé tão em vão.. e deixo-vos contentinhos, já não vão de mãos a abanar. vá.. agora xixi e cama, que já são horas.
isto também fecha em breve por isso é de aproveitar.
boa noite.

12 janeiro 2012

"sobre a dor, aquele sentimento primário"

foto by Elena Kalis


Com menos de uma semana de vida, o médico afirmou categórico: “ela vai morrer”.
Eu estava com a boca azul, cabia na palma da mão e tinha uma infecção no ouvido.
Era Julho, era inverno, estava frio e meu corpo não estava resistindo. Nos dias que seguiram o fúnebre anúncio tomei 21 injeções espalhadas por todo o meu minúsculo corpo. Era isso, e ponto – disse o médico.
Tudo o que eu sabia era chorar. A existência, ao invés de ser um lugar doce e acolhedor, se revelou, para mim, salgado e húmido – e escorria pelo meu rosto o tempo todo.
Obviamente, não me lembro. Mas, é certo de que doeu.
Talvez eu tenha experimentado a dor cedo demais, e por mais que não me lembre dela, ela estava lá, cravada em mim, em todos os sentidos. Na pele, na incapacidade de mamar no seio da minha mãe, na falha ao sorrir no colo do meu pai. Eu não tinha forças para nada. E eu nem sabia o que aquilo significava.
Mas, então, em dia incerto da minha segunda semana de vida fui dormir chorando, e acordei sorrindo.
Eu gostaria de lembrar a sensação do alívio. Gostaria de lembrar desse meu primeiro sorriso.
O médico, depois de agradecer a Deus, disse que eu só consegui sobreviver porque eu era muito forte.
E eu estava preparada para a vida. E se isto for verdade, eu espero sempre ter essa mesma força que me fez lutar por ela, todos os minutos daqueles infaustos dias.
Dizem que a experiência fica guardada no âmago de nossa consciência, independente se lembramos dela ou não. Como acontece com recém-nascidos, como nos acidentes, como nas mentes desavisadas que deixam a memória escorrer pelo tempo, para nunca mais voltar.
Detritos de sentimentos primários. Nada além, nem aquém.
Um dia ouvi que a dor pode definir muito mais uma pessoa do que qualquer outro sentimento. Eu nunca vou entender isso.
Já pensei que precisava entender o significado de um caminho para passar por ele.
Não poderia estar mais errada.
(Rejane Borges) in obvious

"na casa de"

Exposição fotográfica "Na Casa de" retrata 15 casos de pobreza em Campanhã.


10 janeiro 2012

este não-futuro que a gente vive

«Será que nos resta muito depois disto tudo, destes dias assim, deste não-futuro que a gente vive? (...)
Bom, tudo seria mais fácil se eu tivesse um curso, um motorista a conduzir o meu carro, e usasse gravatas sempre. Às vezes uso, mas é diferente usar uma gravata no pescoço e usá-la na cabeça.
Tudo aconteceu a partir do momento em que eu perdi a noção dos valores. Todos os valores se me gastaram, mesmo à minha frente. O dinheiro gasta-se, o corpo gasta-se. A memória. (...)
Não me atrai ser banqueiro, ter dinheiro.
Há pessoas diferentes.
Atrai-me o outro lado da vida, o outro lado do mar, alguma coisa perfeita, um dia que tenha uma manhã com muito orvalho, restos de geada…
De resto, não tenho grandes projectos.
Acho que o planeta está perdido e que, provavelmente, a hipótese de António José Saraiva está certa: é melhor que isto se estrague mais um bocadinho, para ver se as pessoas têm mais tempo para olhar para os outros.»

Al Berto, in "Entrevista à revista Ler (1989)"

07 janeiro 2012

eu sou um câncer

não sei se me acredite.

para ela, se soubesse que eu tenho uma coisa que chamo blog



a minha mãe.


I'm naked
I'm numb
I'm stupid
I'm staying
and if Cupid's got a gun, then he's shootin'

lights black
heads bang
you're my drug
we live it
you're drunk, you need it
real love, I'll give it

you wasted your times
on my heart
you've burned
and if bridges gotta fall, then you'll fall, too

doors slam
lights black
you're gone
come back
stay gone
stay clean
I need you to need me

so we're bound to linger on
we drink the fatal drop
then love until we bleed
then fall apart in parts