29 janeiro 2006

Tombe la neige




Um domingo frio mas mágico.. de «neve» em Lisboa.. e uma alegria quase infantil :)
Um momento que teve a sua beleza.
O frio de Inverno talvez não seja assim tão mau.
Não me atrevo a pôr o nariz fora de casa, sabe-me melhor ficar em casa e ouvir música sem parar.. alternando as melodias de Ben Harper e Sade.
Amanhã começará uma nova semana e o dia de hoje saber-me-à bem melhor assim..
Bem melhor assim.

27 janeiro 2006

If we sleep together

If we sleep together
Will you like me better
If we come together
We'll go down forever
If we sleep together
Will I like you better
If we come together
Prove it now or never

Make me a pretty person
Make me feel like I belong
Make me hard and make me happy
Make me beautiful
The emptiness, the crazyness
Satisfy this hungriness
Darling, how would it feel?

If we sleep together
Will you like me better
If we come together
We'll go down forever
If we sleep together
Will I like you better
If we come together
Prove it now or never

(If we sleep together) nothing satisfies me baby
(If we sleep together) I wear something pretty baby
(If we sleep together) give me what I crave now baby
(If we sleep together) save the rest for later baby
(If we sleep together) you will drive me crazy baby
(If we sleep together) save this one for you my baby

If we sleep together...
If we sleep together

(Garbage)

26 janeiro 2006

The request line




















You’ve got your ball
You’ve got your chain
Tied to me tight tie me up again
Who’s got their claws in you my friend
Into your heart I’ll beat again
Sweet like candy to my soul
Sweet you rock And sweet you roll
Lost for you I’m so lost for you

You come crash into me
And I come into you
I come into you
In a boys dream
In a boys dream

Touch your lips just so I know
In your eyes, love, it glows so
I’m bare boned and crazy for you
When you come crash
Into me, baby
And I come into you
In a boys dream
In a boys dream

If I’ve gone overboard then I’m begging you
To forgive me in my haste
When I’m holding you so girl
Close to me
Oh and you come crash
Into me, baby
And I come into you

Hike up your skirt a little more
And show the world to me
Hike up your skirt a little more
And show your world to me
In a boys dream.. in a boys dream

Oh I watch you there through the window
And I stare at you
You wear nothing but you wear it so well
Tied up and twisted
The way I’d like to be
For you, for me, come crash
Into me

Dave Matthews Band - Crash into me

:)




O que te quero dizer?


«Vieste envergando uma estranha capa negra e espalhaste o sofrimento pelas ruas do meu corpo, dando assim asas ao teu nome. Saudade... sentimento típico do português que sente a falta de algo, de alguém.
Saudade... triste forma de recordar o passado e forma, não mais alegre, de olhar de soslaio para um presente esburacado. Um presente que se perdeu nas memórias requentadas pela fúria incandescente de uma tristeza calada.
Saudade… Vieste sem ninguém te chamar e permaneces sem eu querer. Ao largo formaste tempestades e dentro de mim cultivaste um vazio que me rói as alegrias e cospe para longe os momentos de paz.
Saudade que dói. Saudade que mata. Saudade de ti, que partiste. Saudade estúpida capaz de me fazer chorar e de me levar a amar-te ainda mais.
Estás longe e só tornas a mim através de um arquivo aberto e cheio de recordações. Não te quero recordar mais.
Queria era devolver-te a vida para que pudesses construir melhor os pilares das tuas marcas agora exercidas sobre mim.
Mas a saudade não me permite ressuscitar-te.
A saudade não permite mais nada a não ser lembrar-te.
Saudade… Não pede licença… Entra com toda a força e arrasa com tudo.
Saudade… Mete-se com toda a gente e desta vez meteu-se comigo

25 janeiro 2006

É só o nada a bater-nos á porta

É só o nada a bater-nos a bater-nos à porta,
e a mim importa-me que estejas a meu lado
enquanto o medo vai dançando à nossa volta.

É só uma imagem que sonhamos... doce imagem,
nada que um dia após o outro reproduza.
Mas meu amor, estaremos sempre de passagem...




Esquece o que eles dizem sobre um grande Amor.
Quem podia mais querer-te como eu..?
Nada que acredite conseguir mostrar...

Pois é algo teu.


Pluto - Algo teu

Estás de volta..


"Estás de volta tão vazio
tu andavas louco mas ela amava pouco...
não desistas por tão pouco
o amor tem estado sempre perto
és tu quem não tem estado cá.
Tem andado gente à tua procura.
Agora vem de volta que eu seguro
tens andado longe de mais de ti
deixa que os teus bons braços te larguem
para que os teus bons sonhos te levem
deixa que os teus bons dias te lavem sem perguntar para que servem..."

(letra de uma qualquer canção de que não me recordo o nome.. mas que tinha de a escrever..)

24 janeiro 2006

Fingir que está tudo bem


Fingir que está tudo bem, o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro, restos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas… fingir que está tudo bem. Olhas-me e só tu sabes… na rua onde os nossos olhares se encontram é noite. As pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis.
As pessoas falam e não imaginam.
Nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem… o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir… «será que vou morrer?» pergunto dentro de mim.
Será que vou morrer? Olhas-me e só tu sabes.
Ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer.
Amor e morte… fingir que está tudo bem. Ter de sorrir… um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

José Luís Peixoto, «Fingir que está tudo bem» in A criança em ruínas

19 janeiro 2006

Neste labirinto de lados errados


«Talvez esperasse por ti, sem mesmo saber que o fazia.
Talvez já me tenha cruzado contigo nalguma esquina, onde ambos choramos a perda ou o vazio de querer e não ter.
Talvez te conheça de algum mundo solitário, onde a preocupação por estar sozinho não nos permite ver quem está à nossa volta.
Talvez o destino exista e seja o labirinto onde nos perdemos um dia, para nos cruzarmos no outro.
Talvez o labirinto se transforme em duas meras linhas rectas e paralelas, onde o meu caminho já não cruze o teu mas passe a ser parte dele.
Talvez o labirinto se transforme num emaranhado de linhas confusas e nos percamos no meio da confusão.
Talvez me encontre em ti para me deixar perder...
Talvez...»

Somebody


















I want somebody to share
Share the rest of my life
Share my innermost thoughts
Know my intimate details

Someone who'll stand by my side
And give me support
And in return
She'll get my support

She will listen to me
When I want to speak
About the world we live in
And life in general

Though my views may be wrong
They may even be perverted
She'll hear me out
And won't easily be converted

To my way of thinking
In fact she'll often disagree
But at the end of it all
She will understand me

I want somebody who cares
For me passionately
With every thought and
With every breath

Someone who'll help me see things
In a different light
All the things I detest
I will almost like

I don't want to be tied
To anyone's strings
I'm carefully trying to steer clear of
Those things

But when I'm asleep
I want somebody
Who will put their arms around me
And kiss me tenderly

Though things like this
Make me sick
In a case like this
I'll get away with it

[Depeche Mode - Somebody]

18 janeiro 2006

Lado a lado













Somos dois caminhos paralelos
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos

Nem sei qual é de nós mais desgraçado

Lado a lado meu amor mas tão longe
Como é grande a distância entre nós

O que foi que se passou entre nós dois que nos separou
Porque foi que os meus ideais morreram assim dentro de mim


Ombro a ombro tanta vez mas tão longe
Indiferença entre nós quem diria
Custa a crer que tanto amor tão profundo amor tenha acabado
E nós ambos sem amor lado a lado

Fomos no passado um só destino
Somos um amor desencontrado

Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Não sei qual é de nós mais desgraçado

16 janeiro 2006

Hold Still

desde que partiste tenho feito de tudo para enganar a saudade que ficou como uma amarga recordação do que foi e agora remete apenas para o que já não partilhamos..
já não existe lugar para os nossos risos, para as nossas loucuras, para as nossas conversas, para os nossos momentos.. para tudo aquilo a que chamávamos nosso..e era tudo o que nos pertencia e agora se perdeu para um espaço e um tempo que fugiu de nós e nem com todo o esforço do mundo poderíamos recuperar..
tem sido complicado sentir a tua falta.. dar por mim em espaços onde antes já estivémos e olhar para eles com distanciamento e olhar perdido.. mas é o que tenho feito.
dar voltas na cama à procura de encontrar o teu corpo e saber que vou ter de regressar ao convivio com a solidão de não te ter ali.. e acabar por adormecer de cansaço e de exaustão de te procurar.
queria que soubesse que muitas são as vezes em que acordo com o desejo de amanhecer nos teus braços.. de ver o teu rosto perto do meu, de ter a ilusão que estas paredes ainda guardam silenciosamente tudo o que vivemos.. e tudo aquilo que poderiamos ter sido se ao menos tu te tivesses dado ao trabalho de tentar..
mas agora não quero querer-te mais..
fico a ouvir palavras que outros escreveram e por agora termino de te pensar.

I wanna set it straight
I wanna make it right
But girl you're so far away
Oh, hold still for a moment and I'll find you
I'm so close, I'm just a small step behind you girl
And I could hold you if you just stood still


I wanna set it straight
I wanna make it right
But man you're so far away
Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
You're so close, I can feel you all around me boy
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there


Oh, hold still for a moment and I'll find you
You're so close, I can feel you all around me
And I could hold you if you just stood still

Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
I'm so close, I'm just a small step behind you

I know you're somewhere out there..

I know you're somewhere out there..

I know you're somewhere out there..

David Fonseca - Hold Still (esta música é simplesmente linda..)

13 janeiro 2006

Chuva


As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade
só as lembranças que doem ou fazem sorrir
Há gente que fica na história da história da gente
e outras de quem nem o nome lembramos ouvir
São emoções que dão vida a saudade que trago
aquelas que tive contigo e acabei por perder
Há dias que marcam a alma e a vida da gente
e aquele em que tu me deixáste não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto gelado e cansado
as ruas que a cidade tinha já eu percorrera
«eu choro-te moça perdida» gritava a cidade
que o fogo do amor sob a chuva à instantes morrera
A chuva ouviu e calou meu segredo a cidade
e eis que ela bate no vidro trazendo a saudade...
Mariza - Chuva
letra de um bonito fado a descobrir..

12 janeiro 2006

Eternal sunshine of the spotless mind

Joel: I could die right now, Clem.
I'm just... happy. I've never felt that before. I'm just exactly where I want to be.

Clementine: You know me, I'm impulsive...
Joel: That's what I love about you.



Joel: I don't see anything I don't like about you.
Clementine: But you will! But you will, and I'll get bored with you and feel trapped, because that's what happens with me.
Joel: Okay.




Clementine: This is it, Joel. It's going to be gone soon.
Joel: I know.
Clementine: What do we do?
Joel: Enjoy it.



Clementine: Joely? What if you stay this time?
Joel: I walked out the door. There's no memory...
Clementine: Come back and make up a goodbye at least, let's pretend we had one... Goodbye, Joel.
Joel: I love you.
Clementine: Meet me in Montauk...
Clementine [whispers] Meet me... in Montauk.


[Eternal sunshine of the spotless mind]

Nada mais importa saber

Nada como adormecer ao som da tua voz,
Ter a tua mão, pintar com amor a luz que há em nós
sombras, medos, muros e rochedos para quebrar
Tudo.. nada faz sentido se a tua mão não se fechar na minha.
Quando me recordo do teu corpo sobre o meu
O tempo desvanecesse num momento que é só teu..
e nada mais importa saber.
Sempre que regressas sinto o beijo que se deu
Enrolado no teu cheiro..
e nada mais interessa saber.
Por entre as formas que criei
Procuro em ti um abrigo, atrás da vida que sonhei contigo.
Dá-me a tua mão.

Lua cheia..

Lá fora à muito que caiu a noite..
Sinto-me abraçada pelo seu manto de sombras que adormece e me transporta para um mundo mágico de um sonho onde o desejo é realidade e não existe distância que nos separa..
será por isso que gosto de ver hoje esta lua.. por me ser dada a oportunidade de pensar que apesar de longe poderás estar igualmente a admirá-la e quem sabe pensar..?
A sede cresce no meu olhar.. sobre o teu corpo queria ficar nesta noite sem ter de pensar no depois ou na confusão do que sinto.. ter-te somente junto a mim..
Acho que talvez este pensamento já pertence mesmo apenas a um sonho e rapidamente vou ter de acordar quando a realidade me chamar de volta e der por mim a despertar, despenteada e ensonada com o barulho estridente do despertador.
Mas por enquanto é apenas o sonho que prevalece.
Será possível alguém me fazer sentir assim, à deriva.. perdida.. e ao mesmo tempo encontrada.
Sabes lá do que me perco do teu ser, que te desejo e te quero ter..
Adoro o teu cheiro, o teu ser, o teu olhar..
Sabes lá que tudo isso ficou marcado em mim como uma recordação boa, como um sonho do qual se desperta e ao qual queremos voltar mesmo depois de ter acordado.

Será que podes ser um pouco da minha vida?
Será que posso ser um pouco da tua vida?
Será que queres..? ser um pouco da minha vida..
Será que eu quero.. ser um pouco da tua vida?

Não sei.. mas por enquanto ainda me é dada a oportunidade de escolher sonhar.

09 janeiro 2006

Fácil de entender..?

talvez por não saber falar de cor, imaginei..
talvez por saber o que não sera melhor, aproximei.
meu corpo e o teu corpo, o desejo entregue a nós..
sei lá eu o que queres dizer..
despedir-me de ti..?
«adeus.. um dia voltarei a ser feliz..?»
eu já não sei se sei o que é sentir o amor.. não sei o que é sentir.
se por falar falei, pensei que se falasse era fácil de entender.

talvez por não saber falar de cor, imaginei..
triste é o virar de costas.. o último adeus..
sabe Deus o que quero dizer..
«obrigado por saberes cuidar de mim,
tratar de mim,
olhar para mim,
escutar quem sou..»
e se ao menos tudo fosse igual a ti..
eu já não sei se sei o que é sentir o amor.. não sei o que é sentir.
se por falar falei , pensei que se falasse era fácil de entender..

(uma tarde melancólica e fria ao som de The Gift)

A frágil magia das coisas

«..descreva-se em algumas palavras..»
leio num qualquer titulo de revista..
descrever-me..? mas que chatice.. porque não contentármonos com o que vemos e irmos descobrindo aos poucos.. ao contrário de querer violar a magia das coisas..?
mas mentalmente começa a sugir uma lista que aos poucos se adensa..
não, não vou perder o meu tempo com o básico e completamente visivel aos olhos.. para quê dizer-te que sou morena, baixa, magra..?
isso podes ver, tocar, está ao teu alcance descobrir.. o resto também, se fores atento.. e paciente. mas com um sorriso a nascer-me nos làbios decido dar-te uma ajuda..
gosto de dormir até tarde.. do entardecer dos dias, das noites de lua cheia e ver as estrelas.. mas a lua exerce um fascinio que ate agora não consegui explicar..
gosto de acordar com o teu abraço.. de acordar primeiro que tu pra te ficar a ver naqueles instantes em que não existem palavras pra te definir.. e algo forte fica a pairar em mim..
gosto de café e do cheiro a torradas pela manhã..
gosto do verão.. do sol, do mar, do sal que fica na pele.
gosto do 'sol de Inverno', gosto de ouvir a chuva cair lá fora e da trovoada, mas debaixo dos cobertores.. onde sei que me vais abraçar toda a noite.
não gosto de engates nem de infidelidade, mas gosto do jogo de sedução.
gosto dos outros.. gosto que gostem de mim e de me sentir desejada..
não gosto de ser esquecida, nem gosto da solidão.
gosto da minha estabilidade.. gosto de mim..
gosto de rir, de sair, de viajar.. mas também gosto de não fazer nada, do saudável ócio..
gosto de ir ao cinema, de ir ao Teatro.. de dançar, dançar, dançar.. mesmo que seja em casa. gosto de ser de extremos.. de rir alto, de me deixar emocionar pelo que me rodeia.. de me dar sem receios.
gosto de um abraço sincero que diga mais que mil palavras.. um abraco que não tenha tempo para nos fazer regressar a nós.
gosto da sinceridade nos outros.. detesto falsas amizades.
gosto de ouvir musica e cantar.. mesmo que nem sempre seja do agrado dos outros..
gosto de séries de DVD enroscada no sofá com pipocas e a tua companhia..
mas sabes o que quero mesmo a serio..?
quero alguém que encontre as minhas palavras perdidas e saiba ler nas minhas reticências..
que entenda os sonhos que trago dentro dos meus olhos.. que descubra a certeza das minhas incertezas.
alguém que me faça sentir tudo de todas as maneiras, que esteja disposto a me conhecer, descobrir, compreender ou pelo menos tentar..
alguém que seja honesto, inteligente, sincero e frontal.. que saiba o que quer, que seja responsável e equilibrado.. pois para louca basto eu.
alguém para dividir uma vida, uma casa, uma cama..
alguém para poder discutir e fazer as pazes, para lhe tocar no rosto.. e sentir que é certo estármos ali um para o outro.. e tudo o resto faz sentido.
alguém que entre em mim.. e que me toque a Alma.
não sei se isto serve pra te esclarecer.. mas é o que quero..
termino a minha escrita..
quero escutar pela ultima vez La Valse d'Amelie.

Mar Adentro

«Mar adentro... e na subtileza do fundo onde os sonhos se tornam realidade, onde se juntam duas vontades por cumprir um desejo.
Um beijo acende a vida como um relâmpago e um trovão, e numa metamorfose o meu corpo já não é o meu corpo. É como penetrar no centro do universo.
O abraço mais pueril é o mais puro dos beijos... até ver-nos reduzidos a um único desejo.

O teu olhar no meu como um eco repetido sem palavras: mais adentro.........
até ao mais além de tudo, pelo sangue e pelos ossos.
Mas acordo sempre, e sempre desejo estar morto.
Para continuar com a minha boca enredada no teu cabelo.»

«Mar Adentro»

Quando quero enganar-me..


Nada me dói.
Eu nada sinto.
Eu não te amo.
Sim, eu minto..


estas palavras já me fazem sentido.

Adeus

«Adeus...
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor...
e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas...
Gastámos as mãos na força de as apertármos...
Gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tinhamos tanto para dar um ao outro... era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Ás vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos... era no tempo em que o teu corpo era um aquário, era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos...
É pouco mas é verdade, uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor, já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça àgua.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus

poema de Eugénio de Andrade

Lunário


«..o Amor necessita de um rosto, exige um nome.
A nudez, pelo contrário, não necessita de nada.. serve para dar e receber, esquece-se rapidamente na velocidade do dia que se levanta.. e quase não dói..»
________________________________________________
«..é muito dificil conseguir dormir com alguém, ser cumplice desse abandono, dessa fragilidade.. dessa ausência a dois.
Dormir é complicado.. leva tempo até se perder o medo de se entregar o corpo assim ao outro..
E a entrega dos corpos aos segredos do sono um do outro.. é bela

____________________ «Lunário», Al Berto _______________

06 janeiro 2006

O som do silêncio

vou esperar mais uns minutos até ouvir o silêncio do telefone que não toca... até ouvir o ruido surdo da tua passagem através dos espaços onde já estiveste... e agora nem sequer a tua sombra ficou...
vou lamber as minhas lágrimas e imaginar que na minha boca tudo o que ficou foi o teu sabor que tentei guardar para não te esquecer...
vou sair porta fora pra rua, esquecer o casaco e sentir na pele o frio a percorrer-me o corpo como se fossem as tuas mãos que antes me tocaram até me fazerem estremecer por dentro... até sair de mim e voar pra ti... hoje nao.. hoje nao...
olho o meu rosto numa qualquer montra de uma loja fechada pela hora tardia da noite... nao me reconheco... estou diferente... hà uma dureza que esconde o sorriso que outrora teimava em nascer de cada vez que te via... agora espero nunca te voltar a encontrar... pra que não consigas ler no meu rosto os estragos que deixaste... as marcas das minhas feridas que não saram porque não consigo que cicatrizem... tenho medo de voltar a casa e olhar para as paredes onde vivemos, deitar-me na cama onde estivemos e continuar a sentir-te lá... entranhado nos lençóis... a aguardar encontrar o teu corpo a meio da noite... mas vou regressar e abrir a janela... deixar entrar o ar... alguma luz... e cansar-me até adormecer e acordar amanhã pra te lembrar... (...)

Antídoto


Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das àrvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares.
As raizes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raizes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo.
Como sangue, somos lágrimas.
Como sangue, existimos dentro dos gestos.
As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos.
E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o unico objecto que pode ser tocado.
Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto.

«Antidoto», José Luis Peixoto

um primeiro post

primeiro post.. mas que responsabilidade.. :)
a verdade é que de momento falta tudo: paciência, inspiração e tempo para deixar aqui algo que vá olhar um dia como sendo digno de nota para «inaugurar» o meu tão recente blog.
por isso deixo só o convite de o visitarem quando quiserem e vos apetecer.