27 abril 2006

Amores Perros

Amor es pásion
Amor es placer
Amor es instinto
Amor es dolor
Amor es sacrificio
Amor es miedo
Amor es muerte
Amor es esperanza..

Afinal... o que é o AMOR??

Amores Perros, de Alejandro Gonzàles Iñarritu
Cidade do Mexico.
Um fatal acidente automobilistico.
Três vidas que se cruzam entre si e nos revelam o pior da natureza humana.










*Octavio y Susana*
Octavio, um jovem adolescente, decide fugir com Susana, mulher de seu irmão.
Cofi, o seu cão, torna-se num cruel meio para conseguir o dinheiro necessário para poderem escapar juntos, complicando ainda mais um comovente triângulo amoroso onde o amor clandestino se mostra um caminho sem retorno.










*Daniel y Valeria*
Ao mesmo tempo, Daniel deixa a sua esposa e filhas para viver com Valeria, uma bonita modelo. No exacto dia em que festejam o começo das suas novas vidas, o destino leva a que Valeria se torne uma vítima num brutal e trágico acidente.
Como reage um homem que julgava ter tudo e tragicamente vê a sua vida mudar numa fracção de segundos?
Daniel e Valeria descerão aos seus próprios infernos, onde Richi, o pequeno cão de Valeria, aprisionado debaixo do chão do seu apartamento, será a metáfora perfeita para uma história de amor que assume dignamente as consequências do desencanto e do desespero.









*El Chivo*
Por último, no lugar do acidente surge a figura de el Chivo, um ex-guerrillero comunista que depois de passar vários anos na prisão e decepcionado com a vida, dedica-se a matar a troco de dinheiro.
Aí se cruza com o moribundo Cofi, o cão de Octavio, que leva consigo e o cura.
Paradoxalmete este encontro apresenta-lhe a oportunidade de se reconciliar consigo mesmo e com o seu doloroso passado.













Um filme de um realismo e crueza que nos reporta a emoções intensas sobre a vulnerabilidade e complexidade humana no caos da cidade mais povoada do mundo: a cidade do Mexico, num círculo que nunca se encerra e onde a dor também pode ser vista como um caminho para a esperança.

26 abril 2006

Quero-te a tempo inteiro..



















Eu queria que encontrasses nos meus olhos, todas as respostas que eu não sei te dizer.
Eu queria não precisar de palavras para que compreendesses todos os meus pensamentos.
Eu queria que tivesses a total segurança de que sempre, e que seja como for, estarei a teu lado.
Eu queria que procurasses dentro de mim, tudo o que não consegui encontrar.
Eu queria que tivesses realmente certeza que és tudo para mim.
Eu queria muitas coisas, mas resumindo todas elas..
Eu só queria que me quisesses..

Na fragilidade do ser humano temos de nos confrontar com certos perigos.. com certos abismos.. para então compreendermos a nossa identidade...confrontações, conflitos.. provamos o sabor da dor, lambemos as nossas lágrimas.. revelamonos.. aprendemos algo.
Tem de haver coragem para confrontar aquilo de que precisamos.. e o confrontármonos connosco implica medo, e sem a capacidade de sofrer.. de enfrentar o medo, a angústia.. então não se evolui.
Talvez seja necessário descer a um lugar penoso para então conseguirmos regressar a um lugar afectuoso.
Sem esse risco.. nunca alcançaríamos esta unidade que partilhamos: o Amor.

Drifting States























Aí está mais uma vez Indie Lisboa a provar que o cinema independente está bom e recomenda-se.. ganha forças e desperta o interesse de cinéfilos dos 8 aos 80.
O ano passado fui assistir a uma pelicula japonesa por recomendação de um colega e acho que me viciei..
Aproveitei ontem um pouco do dia de sol de um dia de Liberdade (25 de Abril.. para mim não é apenas um dia!!) e «enfiei-me» num sala do cinema King a devorar um filme.. «Drifting States».


Um que me tinha suscitado interesse era o «La Sagrada Familia».. mas infelizmente no dia anterior a minha pontualidade (ou falta dela!) impediu-me de assistir, deixando então para outro dia o visionamento de uma película.
E pior ainda!.. perdi a oportunidade de ver em grande ecran o tal do filme «Me and You and Everyone we know» (ainda não foi desta, caro Taliesin! mas prometo ver este filme, parece-me que não me vou arrepender..)


Em relação a «Drifting States», de Denis Côté não me desapontei.. a história remete-nos ao percurso de um homem que depois de ter morto a sua mãe que se encontrava há muito tempo em estado de coma (homicidio ou acto de misericórdia?? deixo à consciência de cada um analisar isto.. é um tema actual, polémico e para o qual todos temos uma opinião.) deixa a cidade, a sua casa, toda a sua vida até então monótona e decide partir para uma região pacata no Canadá onde calmamente começa por se instalar e criar laços entre os poucos habitantes mas.. o sentimento de culpa e dor nunca deixam de o afligir, havendo sempre presente em si um lado da sua natureza que não poderá revelar.. o que deixa os espectadores a pensar «será ele capaz de lidar com o seu passado, sobreviver ao acto que cometeu e viver com esse peso?»
A narrativa não é conclusiva e aos olhos de quem vê muitas análises poderiam ser feitas.
Mas dá que pensar e o reduzido preço do bilhete compensou em muito muitos dos filmes ditos hollywoodescos de grandes orçamentos e para os quais tenho cada vez menos paciência!
O indie está aí até dia 30 Abril.. para quem se quiser aventurar, já sabe! :)


13 abril 2006

O teu poema


















...mesmo no escuro alcancei o teu olhar profundo
eras a resposta sem palavras que explorava o meu mundo
mordi-te os lábios molhados que procuravam os meus
e se encontraram por instantes quando se perderam nos teus
as tuas mãos num abraço, pareciam chorar,
teus dedos soltos num compasso sem vontade de parar.
de repente senti... um doce arrepio
o teu corpo contra o meu preenchendo o meu vazio...

Para ti..

11 abril 2006

Wicker Park

Passion never dies.

Desde o primeiro instante em que Matthew vê Lisa, tudo o resto deixa de ter importância... talvez lhe possamos chamar do tal «amor à primeira vista».
Ele segue-a, conhecem-se e imediatamente se apaixonam um pelo outro.
Tudo parece perfeito, até que um dia ela desaparece sem deixar rasto.
Dois anos mais tarde Matthew reconstrói aos poucos a sua vida mas continua atormentado pela memória daquela rapariga que tanto amou e continua a ter dentro de si inúmeras questões sem resposta.
E tudo na sua vida muda quando de repente num bar parece ver alguém que se assemelha em muito a essa mesma rapariga... mas será mesmo?
A partir desse instante enceta uma obssessiva busca à mulher que em tempos lhe captou a atenção e o coração... e a alguém que agora parece brincar com a sua mente.
A busca de Matthew pela verdade irá conduzi-lo a mais profundos segredos, onde cada descoberta parece mais desapontante que a próxima.
A obssessão pode fazer seguir-nos dois caminhos... e Matthew depressa descobre o quanto pode ser possível amar de mais alguém.



Matthew: «When you see something from afar, you develop a fantasy. But when you see it up close, 9 times out of 10, you wish you hadn't.»







Alex: «Love makes you do crazy things, insane things. Things in a million years you'd never see yourself do. But there you are doing them... can't help it.»


Lisa: «Take my picture. I'm feeling beautiful tonight.»









Matthew: «I needed you to know.»
Rebecca: «Know what? Know what, Matthew? That I'm not the girl who can break your heart?»








Matthew: «Things don't have to be extraordinary to be beautiful, even the ordinary can be beautiful.»
















ao som dos grandes Depeche Mode - Love Thieves

10 abril 2006

Razones



















te echo de menos, le digo al aire
te busco, te pienso, te siento y siento
que como tu no habra nadie
y aqui te espero, con mi cajita de la vida
cansada, a oscuras, con miedo
y este frio, nadie me lo quita

tengo razones, para buscarte
tengo necesidad de verte, de oirte, de hablarte
tengo razones, para esperarte
porque no creo que haya en el mundo nadie mas a quien ame
tengo razones, razones de sobra
para pedirle al viento que vuelvas
aunque sea como una sombra

tengo razones, para no quererte olvidar
porque el trocito de felicidad fuiste tu quien me lo dio a probar
el aire huele a ti, mi casa se cae porque no estas aqui
mis sabanas, mi pelo, mi ropa te buscan a ti
mis pies son como de carton
que voy arrastrando por cada rincon
mi cama se hace fria y gigante
y en ella me pierdo yo
mi casa se vuelve a caer
mis flores se mueren de pena
mis lagrimas son charquitos
que caen a mis pies

te mando besos de agua
que hagan un hueco en tu calma
te mando besos de aguapa que bañen tu cuerpo y tu alma
te mando besos de agua
para que curen tus heridas
te mando besos de agua
de esos con los que tanto te reias


pensando em alguém pela noite dentro ao som de Bebe - Razones
(do álbum Pa Fuera Telarañas)

07 abril 2006

Les Poupeés Russes












A busca de Xavier pela mulher perfeita fá-lo saltar de namorada em namorada, numa série de relações inconsequentes.

Daqui a alguns segundos vou ter uma sensação incrivel... algo de verdadeiramente fundamental... (Xavier)


Contos de Fadas dos tempos modernos

Xavier: «Feliz por ter encontrado o seu Principe, ela aceitou casar com ele. A boda durou uma semana e compareceram todos os habitantes do reino. Eles viveram muito tempo no seu lindo palácio e tiveram muitos filhos.»

Lucas: «A mamã não encontrou o Principe?»

Xavier: «Não sei... ela não te disse?»

Lucas: «Não...»

Xavier: «Então é porque não encontrou. Mas não faz mal... ela é linda, inteligente...»
Se ele soubesse como eu estivera apaixonado pela mãe dele..! A Martine não lhe deve ter dito. Como se explica isso..?

Martine: «Sai com sete gajos, enfim... sete principes. Vivi em vários castelos. O Xavier foi o quarto Principe que conheci. E agora... ando ao mesmo tempo com vários principes, hesito... a semana passada conheci um na discoteca, é como um enorme baile. Gosto muito dele. Ele não tem um grande castelo mas tem uma moto enorme! Havias de gostar. É complicado... mesmo que a gente se dê bem ainda é cedo para... para saber se haverá realmente um casamento, percebes? Além disso, há imensa gente do reino que diz que se fôr ele não vêm ao casamento...»

Lucas: «Não chores mamã...»


«Como querem que escreva histórias de amor? O que sei eu do Amor? Sou um egoísta, só penso em mim!» (Xavier)


O sonho pela «mulher perfeita»

Isabelle: «Sinto-me suja. Desculpa desiludir-te, mas a mulher que procuras não existe. Cresce!! Pensas arranjar uma princesa ou sei lá... a heroína de uma telenovela? Pára de sonhar... as princesas só existem nos contos de fadas. Aquilo ali foi uma palhaçada.»

Xavier: «Porque tenho de parar de sonhar?»


Relacionamentos...

Xavier: «Espera... não é uma boa ideia.»

Martine: «É só por hoje...»

Xavier: «Acredita que isto é um disparate.»

Martine: «Realmente és um careta!»

Xavier: «Não sou mas não me apetece, é uma questão de vontade. Adoro-te mas não me apetece dormir contigo. Tu também não, de resto... não percebo qual é a tua.»

Martine: «Sou uma chata.»

Xavier: «Não és nada...»

Martine: «Nunca arranjarei namorado. Não percebo, depois de ti não encontro ninguém que... não sei...»

Xavier: «Tens demasiadas expectativas... procuras um tipo ideal que não existe. Acreditas no Pai Natal! Já és crescidinha! Tens de parar de acreditar no Sr.Perfeição! Reage!»

Martine: «Posso dormir contigo hoje...?»

Xavier: «Se quiseres.»

Na manhã seguinte...
Martine: «Bom dia. Obrigado, ainda bem que fiquei contigo.»

Xavier: «Não podes ficar aqui, vem aí uma amiga...»

Martine: «É a tua namorada?... tens uma namorada?»

Xavier: «Tenho várias, não entendes?»

Martine: «Já me tinha esquecido desse teu feitio! Enerva-te sozinho! Eu vou-me embora!»

Kassia: «Quem é esta?»

Xavier: «Ninguém.»

Martine: «Não sou ninguém...? Eu não sou ninguém? Ouve: tu tens a tua vida e eu a minha e tudo bem. Mas tu para mim serás sempre alguém


O verdadeiro Amor

William: «Vou casar! Encontrei um verdadeiro amor. A mulher da minha vida!»
Xavier: «Sim??!»
William: «Mal a vi percebi logo... juro pela minha saúde... que a minha vida tinha mudado. Ela apareceu na minha vida como um anjo.»

Aí está. Uma história de amor é acima de tudo uma história. (Xavier)


A paixão

Wendy: «O que te levou a apaixonares-te por uma rapariga em especifico?»

Xavier: «Lembraste da Neus? A ideia fora dar um passeio, mostrar-lhe Paris. O tempo foi passando e senti que não queríamos separ-nos, desejávamos que o passeio não fosse uma simples passeata. Queríamos que se prolongasse indefinidamente. A dada altura, já não sei porquê, já não sei como, as nossas mãos tocaram-se... senti que a mão dela me dizia 'sim?..tens a certeza?' e minha respondeu-lhe' sim, claro, apetece-me e acho que também te apetece!' A mão dela deu um sinal mais claro... também lhe apetecia. É incrível como estes momentos ultra parvos perduram! Uma cena que dura no total 12 segundos e fica-te profundamente gravada para sempre. Normalmente nos filmes as histórias acabam aí. Ao contar uma história, o melhor é não desvendar o que se segue; mas o que se segue é mais interessante.»

Os clichés do amor

Xavier: «O que foi?»

Wendy: «Ias dizendo: 'Amo-te... sempre te amei'»

Xavier: «Nem sempre te amei e não o disse assim...»


«Encetar uma relação com uma rapariga é como partir em viagem. Quando viajamos com alguém percebemos logo se nos entendemos.» (Xavier)

Imperfeições

Wendy: «És o homem perfeito.»

Xavier: «Enganaste, olha que não sou. Não há pessoa mais desajustada da realidade do que eu.»

Wendy: «Foi o que acabei de dizer... és perfeito.»

Xavier: «Porque és tão porreira?»

Wendy: «Não sou porreira... tu é que és o melhor que me aconteceu em 26 anos.»

Xavier: «Não sei se serei como tu me imaginas.»

Wendy: «O que é que achas? Eu sei que não és perfeito! Tens toneladas de problemas, defeitos, imperfeições. Mas quem os não tem? Mas eu prefiro os teus problemas. Estou apaixonada pela tua imperfeição. Acho-as formidáveis. Eu sei que a maioria das raparigas se passa com a beleza... só vêm isso, só querem isso... eu não sou assim. Não me limito a ver o que é belo, seduzem-me os outros aspectos. Adoro aquilo que não é perfeito... é assim que eu sou.»

«Qualquer tipo normal teria corrido atrás dela depois de ouvir aquilo. Eu não me mexi. Ou melhor, o comboio é que se mexeu. E eu deixei-me ir...» (Xavier)


Fascinação

«Achei-a tão bela! Pensei para comigo: que rapariga de sonho!! é tão bela que quase não existe! Deve ser incrível passar a vida com uma mulher tão bela!» (Xavier olhando para Celia)

«A Celia equivale à rua das proporções ideais. A vida na terra é curta e de inicio queremos viver nessa rua. Teria adorado passar horas a olhar para uma míuda assim. Olhá-la simplesmente, vê-la viver, andar, sentir-me embalado pelo balançar da sua saia, inebriado pelo roçar do tecido no seu corpo... seria capaz de passar a vida a olhar para ela... mas será possível viver assim..?
Senti-me impelido a fazer o que todos me aconselhavam: parar de sonhar e regressar á vida real.» (Xavier)

Dúvidas

Wendy: «Desculpa não te ter ligado, mas não te quero ver mais.»

Xavier: «Mas Wendy, tu disséste...»

Wendy: «Sim, mas tu foste lá e deixáste-me... como posso confiar em ti? Pensarás sempre que podes arranjar melhor, como a Celia em Moscovo, em Dublin, no Ghana... talvez outra aguente isso, eu não aguento. Deixa-me em paz.»



Xavier: «Mas que cena é esta do amor? Como nos deixamos envolver? Já viste o tempo que se perde? Se estamos sós, é: 'Arranjarei alguém?' e quando temos alguém é: 'Será esta? Amo-a mesmo? Ama-me tanto como eu?'
Podemos amar várias pessoas? Porque nos separamos? Resolvemos as coisas quando vemos que estão mal?
Passamos o tempo a pensar nestas parvoíces! E não podemos alegar ignorância, estamos mais do que preparados! Lemos contos de amor, romances... vemos filmes de amor! Amor, amor!!!...»


Recordei todas as raparigas com quem dormi ou simplesmente desejei. Vejo-as como bonequinhas russas. Vamos brincando com elas, na ânsia de ver a última, a mais pequenina, a que se esconde dentro das outras. Não podemos ir logo buscá-la... primeiro temos de abrir as outras. Temos de as ir abrindo e estar sempre a perguntar: 'Será esta a última?' (Xavier)


Comecei a escrever este post há uns dias mas só hoje aqui o coloco.
O tema é tão somente alguns excertos de um filme que vi há uns dias e bateu fundo.. uma história simples pode fazer-nos pensar em questões profundas.. podemos reviver sentimentos e colocar-nos questões.
A única sugestão a quem possa visitar o blog e ler este texto é: vejam o filme, porque vale a pena.
Um obrigado ao Taliesin que me recomendou ver este filme à uns tempos e só agora se concretizou. :)

04 abril 2006

O mito de Sísifo


















Os deuses condenaram Sísifo a incessantemente rolar uma rocha até o topo de uma montanha, de onde a pedra cairia de volta devido ao seu próprio peso.

Eles pensaram, com alguma razão, que não há punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.

Acreditando em Homero, Sísifo foi o mais sábio e prudente dos mortais. Entretando, de acordo com outra tradição, ele foi designado a praticar a profissão de salteador.Eu não vejo nenhuma contradição nisto.

As opiniões diferem quanto às razões pelas quais ele se tornou o inútil trabalhador do subterrâneo.

Sísifo é o herói absurdo. Ele o é, tanto pelas suas paixões quanto pela sua tortura.
Seu desdém pelos deuses, seu ódio pela morte e sua paixão pela vida fizeram com que ele recebesse aquele inexprimível castigo no qual todo seu ser se esforça para executar absolutamente nada. Este é o preço que deve ser pago pelas paixões neste mundo.
Nada nos é dito sobre Sísifo no inferno. Mitos são feitos para a imaginação soprar vida neles.

Quanto a este mito, vê-se simplesmente todo o esforço de um corpo esforçando-se para levantar a imensa pedra, rolá-la e empurrá-la ladeira acima centenas de vezes; vê-se o rosto comprimido, a face apertada contra a pedra, o ombro que escora a massa recoberta de terra, os pés apoiando, o impulso com os braços estendidos, a segurança totalmente humana de duas mãos cobertas de terra.
Ao final deste longo esforço medido pelo espaço e tempo infinitos, o objectivo é atingido.
Então Sísifo observa a rocha rolar para baixo em poucos segundos, em direção ao reino dos mortos, de onde ele terá que empurrá-la novamente em direção ao cume.
Ele desce para a planície. É durante este retorno, esta pausa, que interessa analisar em Sísifo.

Um rosto que trabalhou tão próximo à pedra, já é a própria pedra!
Eu vejo aquele homem descendo com um passo muito medido, em direção ao tormento que ele sabe que nunca terá fim.
Aquela hora, que é como um momento de respiração, que sempre voltará assim como seu sofrimento; é a hora da consciência.
Em cada um destes momentos, quando ele deixa as alturas e gradualmente mergulha no covil dos deuses, ele é superior ao seu destino.
Ele é mais forte do que sua pedra.
Se este mito é trágico, é porquê seu herói é consciente. Onde estaria realmente sua tortura se a cada passo a esperança de prosperar o sustentasse ?
O trabalhador de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas, e seu destino não é menos absurdo.
Mas é trágico apenas nos raros momentos em que ele toma consciência.
Sísifo, proletário dos deuses, impotente e rebelde, sabe a total extensão de sua miserável condição: é nisso que ele pensa durante sua descida.

A lucidez que deveria constituir sua tortura ao mesmo tempo coroa sua vitória.
Não há destino que não possa ser superado pelo desprezo.
Se desta maneira, a descida é realizada às vezes com tristeza, também pode ser realizada com alegria. Esta palavra não é exagerada.
Sísifo retorna em direção à sua rocha; o sofrimento estava no início.
Quando as imagens da Terra aderem-se com muita força à memória, quando o chamado da felicidade torna-se muito insistente, acontece da melancolia aparecer no coração do homem: esta é a vitória da rocha, esta é a própria rocha.

O sofrimento sem limites é muito pesado para se suportar.
Mas verdades esmagadoras perecem quando tornam-se conhecidas.

Toda a alegria silenciosa de Sísifo está contida nisto. O seu destino pertence a ele.
A sua rocha é algo semelhante ao homem absurdo quando contempla seu tormento; silencia todos os ídolos.
No universo subitamente devolvido ao seu silêncio as pequenas vozes extremamente fascinantes do mundo elevam-se.

A inconsciência, os chamados secretos, os convites de todos os aspectos, eles são o reverso necessário e o preço da vitória.
Não há sol sem sombra, e é essencial conhecer a noite.
O homem absurdo diz sim e os seus esforços doravante serão incessantes. Se há um destino pessoal, não há um destino superior, ou há, mas um que ele conclui que é inevitável e desprezível.
Para o restante, ele reconhece a si mesmo como o mestre de seus dias.
No momento subtil quando o homem olha para trás na sua vida, Sísifo retornando à sua pedra, neste modesto giro, ele contempla aquela série de acções não relacionadas que formam o seu destino, criado por ele, combinados e sujeitos ao olhar de sua memória e logo selados por sua morte.
Assim, convencido da origem totalmente humana de tudo o que é humano, o homem cego, ansioso para ver, que sabe que a noite não tem fim, este homem permanece em movimento. A rocha ainda está a rolar.

Eu deixo Sísifo no pé da montanha! Sempre encontra a sua carga novamente.
Mas Sísifo ensina a mais alta honestidade, que nega os deuses e ergue rochas.
Ele também conclui que está tudo bem. O universo, de agora em diante sem um mestre, não lhe parece nem estéril nem inútil.
Cada átomo daquela pedra, cada lasca mineral daquela montanha repleta de noite, em si próprio forma um mundo. A própria luta em direcção às alturas é suficiente para preencher o coração de um homem.

Deve-se imaginar Sísifo feliz.

Albert Camus




resultado de interessantes conversas de «filosofia de domingo» com mr.Revol ;)

02 abril 2006

Love is everything I want


















Love is everything I want, I never knew it
Love is everything I seek, just realise
That the obvious is hard to find, I never saw it
Something's right there in your face, you look and...
Love is mine, I'm too selfish
But I got no time, it's essential life
Love is mine (love is powerful), love is powerful
Solitude gets dull with time
Love is mine, I'm too selfish
But I got no time (it's essential that love is mine), it's essential
That love is mine (love is powerful), love is powerful
Solitude gets dull with time
Love is everything I crave, ashamed to say it
Love is everything I've missed, I've dropped my guard
But love is so essential though I'll never have it
Love will be the death of me, you look and...
Love is mine, I'm too selfish
But I got no time, it's essential life
Love is mine (love is powerful), love is powerful
Solitude gets dull with time
Love is mine, I'm too selfish
But I got no time (it's essential that love is mine), it's essential
That love is mine (love is powerful), love is powerful
Solitude gets dull with time
Love is precious and it's scarce, I'll never find it
Love will save us all but will cause all my problems
Love is so frustating but I've got to have it
Love it has no rationale but still I chase it
The look and...
Love is mine, I'm too selfish
'Cos I've got no time, it's essential that
Love is mine, love is powerful
Solitude gets dull with time
Love is mine, I'm too selfish
But I got no time (it's essential that love is mine), it's essential
That love is mine (love is powerful), love is powerful
Love is powerful (love is powerful), in life

Mansun - Love is...

post dedicado ao meu amigo mr.Revol depois de uma conversa sobre o nihilismo.. :)
e assim se passa um fim de tarde!
a escolha da musica foi ao meu critério, não conhecendo a musica baseei-me apenas na letra.. foi das que mais gostei.
e já tens o teu post!! ;)
agora vê se te animas porque.. um dia vão-te dizer que estás errado em relação a muito do que julgas ser verdade. :)
ah! e sorte para os REVOL.. (fica sempre bem dizer..)