27 dezembro 2006

"The Sky is Broken"

see the storm is broken
in the middle of the night
nothing left here for me
it's washed away
the rain pushes
the buildings aside
the sky turns black
the sky
wash it far
push it out to sea
there's nothing left here
for me
I watch it lift up to the sky
I watch it crush me
and then I die
speak to me baby
in the middle of the night
pull your mouth
close to mine
I can see the wind coming down
like black night
so speak to me
like the winds outside
it's broken up, pushing us
hear the rain fall
see the wind come to my eyes
see the storm broken
now nothing
speak to me baby
in the middle of the night
speak to me
hold your mouth to mine
'cause the sky is breaking
it's deeper than love
i know the way you feel
like the rains outside
speak to me


a revisitar Moby - Play

"sobrevivemos" a mais um Natal.. venha o próximo, trazendo consigo todo o espirito que nos põe irremediavelmente a meditar, reflectir e com o aquele sentimento de introspecção e nostalgia.
e união e alegria para todos.. :)

23 dezembro 2006

..e então é Natal..































contagem decrescente para essa data que já nos encheu a mente e o coração de sonhos enquanto crianças..
era bom que conseguissemos guardar esse calor que tivemos a felicidade de receber e dá-lo a quem passa por nós todos os dias na rua.. aos rostos desconhecidos que muitas vezes não olhamos de frente, áqueles que muitas vezes no resto do ano quase que ignoramos e seguimos sem prestar atenção apenas porque «estamos demasiado ocupados»..
e é verdade.. a vida segue.. e deixamos muito pra trás..

estas fotos são "apenas" tudo aquilo que NÃO DEVEMOS IGNORAR.

21 dezembro 2006

música na madrugada

eu provavelmente morro com o fim da luta mas se te faz feliz..
eu páro e recomeço com um ódio de amor que não nos faça tanto mal..
que não nos torne mais amargos..
e nos deixe sem duvidas.
eu provavelmente morro com o fim da luta, mas se te faz feliz..

hoje não vamos falar..
recuso ouvir-me falar..
mas eu não sou..
não sou..
forte pra te contestar
e tu queres ver-me gozar, mas eu não estou..
não estou..

Balla - Fim da Luta


e ainda há quem diga que não existem boas músicas em português..

20 dezembro 2006

all I want 4 x-mas is..

*ver as iluminações de natal que se espalham pelas ruas da cidade..
*andar até ter os pés gelados..
*sentir o nariz completamente frio..
*encostar-te á parede..
*meter a mão no espaço entre o teu casaco e a tua pele debaixo das camisolas..
*ter conversas dislexicas contigo
*fumar aquele cigarro.. que sabe a cupcinno.. e sabe a bom..
*cantar músicas de Jorge Palma e cânticos de Natal de carácter duvidoso :)
*ter o teu sorriso ali tão perto.

* pra ti.. se aqui passares..

*


Come away with me in the night
Come away with me and I will write you a song


Come away with me on a bus
Come away with me where they can't tempt us with their lies

I want to walk with you on a cloudy day
In fields where the yellow grass grows knee high
So won't you try to come


Come away with me and we'll kiss on a mountain top
Come away with me
And I'll never stop loving you


And I want to wake up with the rain falling on a tin roof
While I'm safe there in your arms
So all I ask is for you to come away with me in the night


Come away with me...

soube-me bem passar o dia com a letra desta música na cabeça..

gostava de ter estado contigo.. this day was a mess.. =/

g e t * w e l l * m y * s w e e t i e. .

17 dezembro 2006

almost x-mas!!!

domingo..
espreguiço-me mais uns intantes na cama até dar duas voltas sobre os lençóis e decidir levantar-me.. está um dia de sol quase a romper por detrás dos prédios em frente..
depois de um café e de ter despertado finalmente.. ponho-me a ouvir uma música "sacada" pelo meu irmão.. primeiro com algum olhar de desconfiança que se manifesta por um franzir de testa.. mas rendo-me.. já estou a ouvi-la em loop e vai continuar até pelo menos terminar o post natalicio.
é mesmo linda.. (aqui que ninguém nos ouve o puto soube escolher!!!)

reparei hoje que falta exactamente uma semana para o dia de Natal.. parece impossivel, o tempo passou tão depressa.. e eu não dou por mim a sentir o chamado «espirito natalicio..» =/
nem com paciência de ir fazer a sacramental romaria e comprar algumas prendas para os mais chegados e os ditos postais.. (sempre são melhores que as comuns sms da praxe..!!)

recordo-me de muitos natais completamente diferentes.. a familia era maior, a confusão aqui por casa também.. o que dava um vermelho rmais garrido a esta época natalicia (sim, pra mim o Natal é vermelho.. não sei!) :)
agora houve muita coisa que mudou inevitavelmente, depois também ao longo do tempo vai-se perdendo aquele sentimento que temos quando somos crianças..e agora já «cresciditos» vemos tudo ao nosso redor com um prisma de racionalidade e.. bye bye meninice..

do que me fica como recordação pra todo o sempre de vários natais passados em familia..
fazer um presépio enorme com sei lá quantas figurinhas em miniatura.. muitas das quais não me parece que reze a história que fizessem parte do presépio.
o cheiro a doces que vinha da cozinha quando a minha avó fazia as filhóses e arroz doce e no final me chamava e ao meu irmão pra fazermos com a massa que restava uns bonequinhos que depois levava a fritar e essa tarde na cozinha nos deixava enfarinhados e com um sorriso imenso.
o jantar todos juntos e esperar pela meia noite pra atacar os embrulhos.. e quando tudo terminava havia qualquer coisa que nunca desaparecia do peito.
um sentimento.. e isso aquecia a alma muito mais que todas as prendas que pudesse receber.
...priceless... *****

a minha nostalgia é que muitos desses momentos não terão oportunidade de se repetirem.. mas.. estão guardados e essas memórias jamais se perderão.
saudades de quem já partiu.. no Natal sentimos sempre mais esse despertar..

ao som de Sufjan Stevens - Chicago (acoustic version)

...

When you are flying around and around the world
And I'm lying and lonely
I know there's something sacred and free reserved
And received by me only..

16 dezembro 2006

about a smile

Nobody knows it.. but I got a secret smile and I use it only for YOU :)

15 dezembro 2006

insónias.. sono..


E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

Florbela Espanca

14 dezembro 2006

I'm having such a nice time..

For a lonely soul, you're having such a nice time

For a lonely soul, you're having such a nice time

For a lonely soul, it seems to me that you're having such a nice time

You're having such a nice time

13 dezembro 2006

One night to be confused
One night to speed up truth
We had a promise made
Four hands and then away
Both under influense
We had devine scent
To know what to say
Mind is a razorblade


To call for hands of above
To lean on
Wouldn't be good enough
For me, no


One night of magic rush
The start a simple touch
One night to push and scream
And then releaf

Ten days of perfect tunes
The colors red and blue
We had a promise made
We were in love


To call for hands of above
To lean on
Wouldn't be good enough


And you, you knew the hands of the devil
And you, kept us awake with wolf teeths
Sharing different heartbeats
In one night

08 dezembro 2006

re.post.ando



Escondo-me numa outra pele..
e passeio sem ninguém me ver..
regresso pra me perder.
O meu corpo no vazio..um prazer demorado.. longo.

«Põe o teu corpo perto de mim.. deixa que o chão nos engula a sombra..»

Não pode haver engano num momento assim.


E de repente a tua voz na minha:
«Noite perfeita.. tu és perfeita.Noite perfeita.. tu és perfeita.»
(sempre te soube perfeita..)

Louco é o meu olhar que vagueia.. não existe pior desejo que a
vontade.

Na minha ausência..

i jumped in the river and what did I see?
black-eyed angels swimming with me
a moon full of stars and astral cars
all the figures i used to see


all my lovers were there with me
all my past and futures
and we all went to heaven
in a little row boat
there was nothing to fear
and nothing to die...


«Faz-me o favor...
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá tua boca velada
É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor do que o dirias
O que és não vem à flor das caras e dos dias.
Tu és melhor -- muito melhor!Do que tu.
Não digas nada.
Sê Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.»

06 dezembro 2006

*

Let me put you on a ship
On a long, long trip
Your lips close to my lips


All the islands in the ocean
All the heaven's in the motion


Let me show you the world in my eyes

That's all there is
Nothing more than you can touch now
That's all there is

Let me show you the world in my eyes

03 dezembro 2006

I miss you.. every day.. always..

desabotoa o peito devagar.
um a um..
os botões,
a pele,
o osso que se descobre transparente, transpirado, transponível.
desabotoa devagar o peito e sente.
sente-me.
desabotoa o peito devagar
e deixa-me descansar aí os meus pensamentos..
um a um..
e escuta..
é aí que eu gostaria de entrar.
*

29 novembro 2006

como tenho saudades de...


usar o meu cachecol.
roxo, pois claro!
só falta mesmo os dias arrefecerem definitivamente um pouco mais e... tu, claro! ;)

27 novembro 2006

Sair...

«Sair não é um verbo transitivo mas sair à noite é uma transitoriedade. Saímos para nos desprendermos de algo, ou de alguém, numa intoxicação que nos vê passageiros e aprisionados.

Sair é procurar o certo em todos os lugares errados. Numa sucessão de pessoas desencontradas e bandas sonoras desconcertadas; tropeçando pelo barulho, fumo e escuridão - em busca de alguém, ou de algo.

E a noite é o terminus onde todos saímos pelos mesmos caminhos na direcção de destinos diferentes. Ou para a ausência de um destino.»

26 novembro 2006

Apaga a luz e acende a noite..

de profundis amamus

Ontem às onze
fumaste um cigarro
encontrei-te sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus estavam perdidos
por natureza própria


Andámos
dez quilómetros a pé
ninguém nos viu passar
excepto claro os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto pelos porteiros


Olha como só tu sabes olhar
a rua
os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso
Não faz mal
abracem-me os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo

decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes muito
nós só temos a ver
com o presente perfeito

corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso

Mário Cesariny (1923-2006)

um adeus, eterno poeta...

25 novembro 2006

why not?



Demon vs Heartbreaker - You are my high

I chose you for your wave frequency
You take me up against the freak in me
Just tell me what you
Expect of me

Sow into you
I’ll bring you into this earth
Has sorely missed the kiss of rain...

24 novembro 2006

voodoo girl




















Tim Burton - «Voodoo Girl»

* to oyster boy :)

23 novembro 2006

* familiar feeling *

"Dá-me mil beijos, a seguir cem, depois outros mil, a seguir mais cem, a seguir mil, depois cem; por fim, quando tivermos somado muitos milhares, baralhemos a conta para não a sabermos e para que nenhum invejoso nos possa lançar mau olhado quando souber que nos demos tantos beijos."

Carta de amor de Catulo a Lésbia


*Nothing can come close
To this familiar feeling
We say it all without
Ever speaking*

(Moloko)

13 novembro 2006

dancing

Time is gonna take my mind
and carry it far away
where I can fly
'cause it's all about love

and I know better how life is a waving feather

So I put my arms around you around you
and I know that I'll be living soon



My eyes are on you they're on you
and you see that I can't stop shaking


No, I won't step back

but I'll look down to hide from your eyes

07 novembro 2006

Transcrições.. transições.. transparências..

"Nunca se sabe o que é para sempre, sobretudo nas coisas do amor.
E era uma coisa do amor, isto tudo.
São tão estranhas as coisas do amor que não se compreendem por inteiro. Tem de se estar sempre a fazer suposições. Nunca se sabe como e até que ponto a até quando.
Esta obsessão chega para impedir a vida, o amor pode impedir o amor, amaldiçoá-lo como um espectro.

Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem na vida não tem qualquer esperança.
É uma maneira de preencher uma sombra e há momentos em que um beijo escrito vale por muitos."

Pedro Paixão (Nos teus braços morreríamos)

full moon tonight

hoje apetece-me divagar e deixar-me ir, escrever sem fio de raciocinio..
anoiteceu depressa hoje, a chuva chegou quase no seu final.
por muito que não goste dos dias de chuva têm sido constantes.. ainda vou acabar a sentir saudades..
mas estes dias cinzentos não trazem grande animo à alma.. e os anoiteceres rápidos dos dias também não ajudam.. a noite oferece nos mais horas e com ela traz uma lua cheia que nos esvazia.. ao mesmo tempo que nos enche de pensamentos.. assim como oferece todo o tempo pra pensar o que fizémos nós com essas horas que o dia trouxe.
ultimamente não tenho sentido grande vontade de escrever.. ou melhor.. sinto, mas depois faço uma auto censura a quase tudo o que escreveria, acabando por desistir.
este texto por exemplo, se fôr a pensar muito nele acabarei por carregar delete e não o postar..
mas por muito pouco sentido que estas minhas disléxicas palavras possam ter, prefiro carregar publicar postagem.. é um desabafo..
e de momento sabe-me bem. pelo menos as minhas palavras sei onde as colocar.. organizar ou deixar ao desalinho.
já os sentimentos e emoções são de dificil arrumação. e mais complicados de perder no esquecimento.
lá fora há uma natureza a comunicar com o mundo.. relampagos, trovões.. chuvas. manifesto de um turbilhão de pensamentos em desalinho.. I prefer go to sleep. that's all for tonight..

ao som de Thom Yorke - The Eraser

06 novembro 2006



U2 - Love is Blindness & Can't help falling in love
(ZOOTv live Sydney)

Love is blindness, I don't want to see
Won't you wrap the night around me?
Oh, my heart, love is blindness.

In a parked car, in a crowded street
You see your love made complete.
Thread is ripping, the knot is slipping
Love is blindness.

Love is clockworks and cold steel
Fingers too numb to feel.
Squeeze the handle, blow out the candle
Love is blindness.

Love is blindness, I don't want to see
Won't you wrap the night around me?
Oh, my love,
Blindness.

A little death without mourning
No call and no warning
Baby, a dangerous idea
That almost makes sense.

Love is drowning in a deep well
All the secrets, and no one to tell.
Take the money, honey...
Blindness.

Love is blindness, I don't want to see
Won't you wrap the night around me?
Oh, my love,
Blindness.

31 outubro 2006

divagadora

é incrivel a quantidade de coisas que conseguimos dizer com um silêncio...
e aquelas que nos escapam e esquecemos de dizer quando estamos de facto a falar.
dá que pensar, ou então não..

30 outubro 2006

são jogos de luz e de sombra..

são vultos..

é uma imagem..

é um desejo.

and all we really need to do.. is see the world like lovers do.

i need to feel..
i need to feel that way.


There is a paradise that can be found, a better life to bring us round
And all we really need to do Is see the world like lovers do

I want to take it easy, take it slow
To catch a fire and let it go
I wanna give myself to you so we can live like lovers do
Like lovers do...
I wanna feel that way
Like lovers do...
They loose themselves for days
And I need to feel

I need to feel that way

I can hear you thinking what I feel
I know that what we've got is real

And all we need to get us through
Is just to live like lovers do
Just like lovers do
I wanna feel that way

Give me the strength to give myself to you
Like lovers lovers do
All we really need to do is see the world like lovers do
I need to feel...

I need to feel that way
Like lovers do


(Heather Nova)

24 outubro 2006

Morning Yearning



















daqui a pouco vai chover.. vou-me deixar ficar.. aqui..

«Na tarde em que escrevo, o dia de chuva parou.
Uma alegria do ar é fresca de mais contra a pele. O dia vai acabando não em cinzento, mas em azul-pálido.
Um azul vago reflecte-se, mesmo, nas pedras das ruas.
Dói viver, mas é de longe. Sentir não importa. Acende-se uma ou outra montra.

No azul menos pálido e menos azul, que se espelha nos prédios, entardece um pouco mais a hora indefinida.
Cai leve, fim do dia certo... Cai leve, onda de luz que cessa, melancolia da tarde inútil, bruma sem névoa que entra no meu coração.
Cai leve, suave, indefinida palidez lúcida e azul da tarde aquática - leve, suave, triste sobre a terra simples e fria.
Cai leve, cinza invisível, monotonia magoada, tédio sem torpor.»

23 outubro 2006

Take what you take

a tua luz é intensa..
faz os meus olhos fexarem-se..
engulo o teu grito, provo-o, silencio-o ao mundo..
e guardo-o pra mim.

fragmento 112

"Nunca amamos alguém.
Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor.
No amor sexual buscamos um prazer nosso por intermédio de um corpo estranho.
No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. O onanista é objecto, mas, em exacta verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana.
As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade.
No próprio acto em que nos conhecemos, nos desconhecemos.
Dizem os dois «amo-te» ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constitui a actividade da alma.
É de compreender que sobretudo nos cansamos.
Viver é não pensar."
(in Livro do Desassossego)

20 outubro 2006

Daydreamin'

« you and I know what the real deal is...
















we saw it the first time we laid eyes on each other... »

histórias de uma Branca de Neve dos tempos modernos.
às vezes sabe bem deixarmonos envenenar..

19 outubro 2006

o medo da perda de algo que ainda não temos...

de algo que é tão nosso...
de algo que não queremos abandonar mesmo quando dizemos que sim...

de algo que aprendemos com o tempo que não nos pertencia...

"eu sou uma pessoa normal.. com as minhas anormalidades".

18 outubro 2006

It's a fire, a fire I cannot put out..



Nerina Pallot - Sophia

gostava de pensar que esta música tinha sido feita pra mim.. as if.. :)

«5 o'clock and a fire escape symphony
Spilling out across the road and the square.
And the sky's the same as your own, do you think of me?
Do the parks, and the trees, and the leaves reach you there?
After the rain, in the lonely hours he haunts me,calling out.
Again, and again.

Sophia, Sophia, I'm burning, I'm burning
It's a fire, a fire I cannot put out.
Sophia, Sophia, I'm learning that some things I can'tgo without
and one of those is him.

And now I walk these streets like a stranger in my home town.
Learn the language, form the words when I speak
But he changed me, I'm his ghost since he came around
And now I count the hours and the days in the weeks.

Passion and silence.
Every word. Every line. A Measure.
It's the science ofthe soul.
And his books, they breathe a reason and now I want to know...

Sophia, Sophia, I'm burning, I'm burning
It's a fire, a fire I cannot put out.
Sophia, Sophia, I'm learning that some things I can't go without
and one of those is him

You, with your new born eyes
have you ever loved a man like I love him?
Do you hurt but still feel alive, like never before?
Oh, Sophia. Sophia.

Sophia, Sophia, I'm burning, I'm burning
It's a fire, a fire I cannot put out.
Sophia, Sophia, I'm learning that some things I can't go without.
I can't go without him.

13 outubro 2006

L' amour...

"No mundo onde tudo parece estar certo guardo os defeitos que me atam ao chão, guardo muralhas feitas de cartão, guardo um olhar que parecia tão perto.
Para o país do esquecer o nunca nascido levo a espada e a armadura de ferro, levo o escudo e o cavalo negro, levo-te a ti... levo-te a ti....levo-te a ti para sempre comigo..."









Demain il fera jour.
C'est quand tout est perdu
Que tout commence.
Demain il fera jour.


Après l'amour,
Un autre amour commence.
Un petit gars viendra en sifflotant,
Demain...
Il aura les bras chargés de printemps,
Demain...
Les cloches sonneront dans votre ciel,
Demain...
Tu verras la lune de miel briller
Demain...
Car demain :Tu vas sourire encore,
Aimer encore, souffrir encore,
Toujours...
Demain il fera jour.
Demain...

11 outubro 2006

Would you erase me?

[Clementine and Joel have broken into an empty house on the Montauk beach]

Joel: I really need to go. I should catch my ride.
Clementine: So go.
Joel: I did. I walked out the door. I was too nervous. I thought, maybe you were a nut. But you were exciting. I felt like I was a scared little kid.
Clementine: You were scared?
Joel: Yeah. I thought you knew that about me. I ran back to the bonfire, trying to outrun my humiliation.
Clementine: Was it something I said?
Joel: Yeah, you said so go. Said it with such disdain you know?
Clementine: Oh, I'm sorry.
Joel: It's ok.
Clementine: I wish you had stayed.
Joel: I wish I had stayed to. I swear to god I wish I had stayed. I wish I had done a lot of things. I wish... I wish I had stayed.

[Walking out]

Clementine: Joely? What if you stayed this time?
Joel: I walked out the door. There's no memory left.
Clementine: Come back and make up a good-bye at least. Pretend we had one... Goodbye, Joel.
Joel: ...I love you...
Clementine: ...Meet me in Montauk...

Meet me... in Montauk

(Eternal Sunshine of the Spotless Mind)

"Já conheceu alguém de quem não se consegue esquecer?.."

All these things that I've done

"Underneath the ink of my tattoo
I've tried to hide my scars from you.."

«Paris is a mess.. I miss New York, take me home»

"sou alguém que procura o amor... amor do tipo ridiculo, inconveniente, ardente... daquele amor do género «não consigo viver sem ele»... e este não é esse tipo de amor.
a culpa é minha. eu não devia ter vindo aqui..."
(in Sex & the City)

10 outubro 2006

devaneios em frente á TV

ontem, noite de segunda feira à noite, no quarto, canal sintonizado na sic mulher.. a preparar-me pra ver dois episodios de Sex & the City.. (An american girl in Paris)
sempre gostei desta série, mas em particular destes ultimos episódios.
fizeram-me buscar uma folha e começar a escrever tudo o que me vinha á cabeça.
basicamente pra mim tudo se resume a isto: a uma tentativa de pertencer a um mundo de outro alguém com quem escolhemos viver e ver o nosso ficar inevitavelmente pra trás.
é o tentar seguir em frente.. mas ter receios, confrontarmonos com o passado e as inevitáveis comparações com o que se deixou.
é o querer viver o futuro.. mas constantemente olhar por cima do ombro para o caminho que ficou nas nossas costas.
o desconforto de nos habituarmos ao que entra na nossa vida de novo.
mesmo que seja algo bom.. nunca deixaremos de sentir um pouco como se fosse uma invasão..
um ganho, mas uma perda por um outro lado.. perde-se algo nosso.
ficamos então a tentar encontrar um equilibrio, o equilibrio entre o que damos de nós sem nos conseguir perder..
sem abdicarmos de nós mesmos, dos nossos pequenos hábitos, vicios, defeitos, qualidades, a nossa essência.
a pessoa com quem estivermos vai levar tudo de nós.. vai ver o nosso lado solar e o nosso lado lunar.. aquele que é o mais complicado de amar.
completarnos-à.. e nós a ela.
aprenderemos algo juntos, vivendo algo juntos, crescendo juntos.
descobrirmonos no outro alguém.. pra mim é isso o amor.
e por vezes é quando nos perdemos que nos encontramos.

09 outubro 2006

Numb

o que mais me custa no outono não é o vento que se começa a fazer sentir com mais intensidade e se cola a nós como uma segunda sombra..

ou frio que chega devagar e nos aflora a pele.. o anoitecer mais rápido dos dias..
o cair das folhas das àrvores que se amontoam pelo chão formando mantos debaixo dos nossos pés..
o que mais me custa é a tristeza que parece vestir a alma juntamente com os casacos mais quentes que se vestem.. o sobretudo de desconforto que sentimos.. um olhar nostálgico..
fica um vazio.. e as noites custam mais a passar.. e não devido ao facto do dia ter anoitecido mais cedo.

a ouvir Pet Shop Boys - Numb
e a revisitar Oasis - Sunday Morning Call

Read my mind

qual o tema mais comum que faz com que as pessoas se expressem quer através da escrita, música ou qualquer outra forma?
a resposta é rápida, óbvia e não muito surpreendente.. as pessoas escrevem sobre o amor esse sentimento complexo.. mas é sobre o que escrevem.. porque no fundo é a forma que têm de expressar algo que buscam.
existem diversas formas de o transmitir: ou põem uma letra de uma música especial ou escrevem mesmo um poema, ou vão colocando frases soltas.. simples palavras que lhes são familiares porque juntas formam algo que lhes traz um conforto ao olhar e no final poder dizer:"está ali tudo.. e no fim quase que só apenas «nós» o vemos".
esta imagem.. este texto.. diz tudo faz sentido, tem lógica..
é como quando numa relação existem aqueles pequenos gestos que passam despercebidos aos demais mas fazem sentido dentro daquele pequeno universo que se criou onde duas pessoas se entregam uma á outra.
um olhar.. uma festa nos cabelos.. um braço que nos envolve a cintura sem uma palavra sequer.. uma mão que se dá quando estamos na multidão a sentir-nos a vaguear dispersos entre mil pensamentos e caras que não nos dizem nada.. e nos puxa para solo firme..
um tique particular que ganha outras dimensões porque já o conhecemos tão bem ao ponto desse simples gesto se verbalizar..
palavras que adquirem novos significados.. novas palavras que se inventam..
o tempo que voa.. o coração que acelera.. a mente que se junta a outra.
tudo isto é a única razão de andármos aqui.. sim, é o amor e nada mais.
é o que nos faz correr. arriscar. errar. chorar.
descobrir que somos mais fortes do que pensavamos. ou mais fracos.
é o que nos faz fazer figuras de parvos. é o que nos põe o coração a bater a mil à hora. a descarga de adrenalina.
a urgência de pertencer a alguém, a algum sítio.. de fazer desse alguém a nossa casa, à qual voltamos ao fim de cada dia em busca do que é real, do que é nosso, do que é familiar, meigo.. onde podemos ser nós mesmos, sem máscaras.. sem reservas, sem conter as palavras, sem os meios termos, sem querer agradar alguém passando por algo mais do que somos.. ou fazendo nos de fortes, frios, contidos nem nada mais além do que é a nossa essencia apenas.
e amar acho que é isso tudo.. são estes pequenos nadas, de palavras que existem porque têm espaço para existir.
estar com alguém que nos aceita apesar dos nossos lados negros.. com quem nos conseguimos expôr, como corpos nús.. ver o que é belo, e admirar as imperfeições que nos cativam.

nota: texto escrito a horas tardias sob o efeito de lua cheia e estado de espirito ultimamente ligeiramente melancólico.
não sei se serve de atenuante.

02 outubro 2006

*

se eu pudesse fazer-te sair da multidão e puxar-te para mim..
de alguma forma conseguir fazer parar o tempo e fazê-lo retroceder...
mas não possuo tal poder... e como o lamento.
sei que agora carrego comigo muitas das palavras que gostaria de tas ter dito quando ainda havia tempo e espaço para isso... mas ficaram aqui dentro de mim e agora de que me valem?
mas compreendo que há silencios que significam tanto ou mais que quaisquer palavras que se possam dizer.
mas se há algo que sei é que houve muito de ti que ficou aqui guardado e nunca o irei esquecer... apesar de qualquer ausência.

há sitios que inevitavelmente serão sempre teus.
és único e o pior deles todos.
...como não poderia eu sentir a tua falta? *

para ti, porque pensei em ti... não só hoje.

as palavras que nunca me disseste são aquelas que hoje mais desejava ouvir...

ao som de Enigma - Sitting on the Moon (A posteriori)

29 setembro 2006

5 AM

Your softly spoken words,
Release my whole desire,
Undenied,
Totally.

And so bare is my
heart,
I can't hide,
And so where does my
heart,
Belong.

Now that I've found you,
And seen behind those eyes,
How can I,
Carry on.



For so bare is my heart,
I can't hide,
And so where does my heart,
Belong.


ao som de pORTISHEAD

Rainer Maria Rilke disse "escreve apenas quando achares que morres se o não fizeres"... talvez por isso e muito mais o tivesse de fazer. *

27 setembro 2006

A masterpiece



Queen live in 1977

obrigada amigo Elysium por me teres apresentado esta música.
confesso que não a conhecia mas desde então tenho-a ouvido constantemente.
e não me canso.. da melodia, da letra.. é extremamente poderosa.


«Look into my eyes and you'll see I'm the only one
You've captured my love, stolen my heart, changed my life
Every time you make a move you destroy my mind
And the way you touch I lose control and shiver deep inside
You take my breath away.

You can reduce me to tears with a single sigh
Every breath that you take, any sound that you make
Is a whisper in my ear..
I could give up all my life for just one kiss
I would surely die if you dismiss me from your love
You take my breath away.

So please don't go... don't leave me here all by myself
I get ever so lonely from time to time
I will find you anywhere you go, I'll be right behind you
Right until the ends of the earth
I'll get no sleep till I find you to tell you
That you just take my breathaway

I will find you...
I'll get no sleep til I find you to tell you when I've found you...
- I love you...»

sem titulo













On the floating, shipless, oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me, let me enfold you."
Here I am, here I am... waiting to hold you.


Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning, broken lovelorn on your rocks.
For you sang "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?


Here me sing:
"Swim to me, swim to me, let me enfold you."
Here I am, Here I am, waiting to hold you."


This Mortal Coil - «Song to the siren»
(uma das versões desta música, original de Tim Buckley)

26 setembro 2006

my weakness..

She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My fake plastic love.


But I cant help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run


And it wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out.

And if I could be who you wanted
If I could be who you wanted,
All the time, all the time, ohhh... ohh...

Radiohead - Fake Plastic Trees


não temas provar o sabor das tuas lágrimas.. preocupa-te antes quando não conseguires chorar.
se choras é porque ainda te é permitido sentir..

25 setembro 2006

Crosses













Don't you know that I'll be around to guide you
Through your weakest moments to leave them behind you
Returning nightmares only shadows
We'll cast some light and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright for now
Crosses all over, heavy on your shoulders
The sirens inside you waiting to step forward
Disturbing silence darkens you sight
We'll cast some light and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright for now

Crosses all over the boulevard
Crosses all over the boulevard
Crosses all over the boulevard
Crosses all over the boulevard

The streets outside your window overflooded
People staring, they know you've been broken
Repeatedly reminded by the looks on their faces
Ignore them tonight and you'll be alright
We'll cast some light and you'll be alright

José Gonzàles - Crosses (Veneer)


esta música faz parte do albúm Veneer.. das melhores surpresas musicais que tive o prazer de fazer ultimamente. músicas intimistas, em acústico que nos permitem viajar e sentir como poucas têm esse poder.
confesso que ando viciada.. talvez pela chegada do outono em particular faz-me apetecer ouvir ainda mais estes sons.
obrigada a quem mos fez descobrir. obrigada aos que me passam pela mente de cada vez que os escuto.. e julgo que não sabem disso. obrigada a quem ontem me falou na letra desta música ontem à noite no metro e também entende este poder ao qual é impossivel resistir, mesmo que faça para ele uma outra interpretação.

22 setembro 2006

And you even spoke to me, and said:
"If you're so funny then why are you on your own tonight?
And if you're so clever then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking why do you sleep alone tonight?
I know ...'cause tonight is just like any other night That's why you're on your own tonight with your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."

"It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind
Over, over, over, over
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind"

Love is natural and real but not for you, my love
Not tonight, my love
Love is natural and real but not for such as you and I, my love

The Smiths - I know it's over

19 setembro 2006

Retrato de um país que ainda é o nosso

Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.Chama-se FMI.Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...É o internacionalismo monetário!

FMI
Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?
Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde.
Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é?
Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho?
Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: «Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é?» Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho?
Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida!
Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?A one, a two, a one two three

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas!
E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho?
Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é?
Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa...
Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada!
Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho?
Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah?
Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho?

Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?
Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade?
Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade?
Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né?
Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho?

Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá!
Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas.
A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou!
Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é?
Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava!
É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho?
Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega.

Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo!
Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas!
Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento.
Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever!
Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah?

Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah?
Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois?
É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê?
Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos!
Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta!
Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado.
Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta.
Eu quero morrer sozinho ouviram?
Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora.
Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem?
Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar.
Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: «Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir.»
Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.
De quem é o carvalhal? É nosso!
Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei.
Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena.
Diz lá, valeu a pena a travessia?
Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco.
Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram.
A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes.
Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

(José Mário Branco)

no title at all













«Como um cavalo selvagem andei sem rédeas pela vida
Como carne, como sangue, estanquei cada ferida.
Como um pássaro de asas quebradas andei sem pouso certo.
Como um anjo de asas cortadas andei perdido no deserto.

Como fogo, com água acabei por ser combatido.
Como cheiro, pelo ar voo sempre perdido.
Como esta música que toca abafei silêncios.


Como pedra certeira parti os medos mais densos.
Como areia nos olhos incomodei os mais fracos.
Como tiro certeiro transformei fortes em cacos.

Como lápis, em papel reescrevi muitos destinos.
Como linhas de comboio cruzei novos caminhos.

Como tudo, como nada
Chego sem avisar
Sou o amor, sou a dor
O que me quiseres chamar .»

ao som de Patrice - Sunshine

18 setembro 2006

Este caminho...

Este caminho que percorro,
E não conheço;
Este caminho acidentado
Que não sei porque mereço.
Percorro-o não sabendo para onde vou,
Percorro-o não sabendo bem quem sou.
Não sei onde me levará,
Não sei onde acabará.
O que faço?
Estou perdido como sempre
Porque nesta estrada da vida
Não posso voltar atrás,
Tenho medo de ir em frente.
Mas o mais triste desta viagem
É ter de a percorrer sozinho.


(Alexandre O' Neill)













«And sometimes you close your eyes and see the place where you used to live
when you were young
You sit there in your heartache
waiting on some beautiful boy to save you from your old ways
You play forgiveness
Watch it now - here he comes».

The Killers