24 novembro 2010

do outro lado do espelho















- não entendi isso que disseste.. normal?
- é isso. normal. por isso adeus!

adeus!
desta vez faço questão de ser eu a rodar a maçaneta da porta onde sempre me pareceu teres a mão durante grande parte do tempo em que aqui estiveste comigo. ainda foi algum tempo, por isso sei que vai fazer barulho ao ranger quando a abrir e te indicar como saída um corredor algo escuro. dou-te um toque no ombro e indico-te o caminho da saída.
a porta? fecho-a depois com aquela segurança de que não ta vou abrir mais.
e é um pensamento tão claro que até assusta. assusta porque me faz pensar como é que não o fizera antes.. antes, quando já as coisas tinham irremediavelmente desmoronado e eu preferi ficar a merdilhar nos escombros para te tirar de lá.. e depois a fazer constantes esforços para ir buscar memórias de momentos nossos.
sei lá eu agora das coisas que fiz para ainda encontrar alguma coisa que me prendesse ainda a ti.
mas agora quando a porta fechar, eu sei que nada teu está em mim.
sei que vai custar até ter a coragem para voltar a abrir a porta e ser eu a caminhar pelo corredor.. onde irá dar? o que vou encontrar..?
acho que me assusta ainda essa ideia.
mas ao mesmo tempo quero saber o que há do lado de lá.. porque eu ainda quero acreditar que
vai haver. vai.
vai haver alguém
, não me importa agora a intensidade do grau emocional que possamos ter, mas sei que vai haver alguém.
alguém a quem vou conseguir dizer tudo sem precisar de equacionar uma frase extremamente pensada, de forma a ser entendida correctamente.. e porquê?
pelo simples facto de que vai ser simplesmente entendido.. diálogos não verbalizados. assim uma ligação.
tão simples. tão normal.
é isso. normal.

por isso vai lá.. muito do que sou sei reconhecer que me deste uma ajuda..
mesmo quando me soubeste dar a conhecer o pior.
mas hoje já nada importa.
isto porque o monstro precisa de amigos.
e eu sou o monstro.

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