07 outubro 2011

"a bird might love a fish, but where would they live?"

eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade.
pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais. choro lágrimas de rir e quando choro a valer gostava de não derramar uma lágrima.

amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz. busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. quando me entrego, atiro-me e quando recuo não volto mais. mas não me leves a sério, eu sei que nada é definitivo.. nem eu sou o que penso que eu sou. nem nós o que pensamos que temos.

as noites nutrem-me na insónia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol. não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços. não vou à missa. nem faço simpatias. mas, rezo para algum anjo de plantão e mascaro a minha fé no deus do optimismo.

quando é impossível, desfruto. quando é permitido, duvido.
bebo porque me farto de me aceitar sóbria, fumo para enganar a ansiedade e não aposto em jogos de cartas marcadas. por muito que duvidem, eu penso mais do que falo. e falo muito, mas nem sempre o que queres saber. eu sei.

gosto de ter a cara lavada, pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisolas velhas e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo das costas.
mas há uma mulher em algum lugar em mim que gosta de usar perfumes, e ganha um novo brilho no olhar, quando se inspira em sedução.
se notares qualquer tipo de constrangimento, não repares, eu não tenho pudores mas, por vezes, sofro de timidez. e nota bem: não sou agressiva, mas defensiva. impaciente onde vês ousadia. e falta de coragem onde pensas que é sensatez.

mas mesmo assim aparece sempre um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. estranhos desertos..

1 comentário:

tempos vazios disse...

adorei, pela escrita e por me rever em muitas dessas palavras.