21 junho 2012

o peixe ao contrário virou

Ele passou por mim e sorriu e a chuva parou de cair
O meu bairro feio tornou-se perfeito, e o monte de entulho, um jardim
O charco inquinado voltou a ser lago, e o peixe ao contrário virou
Do esgoto empestado saiu perfumado um rio de nenúfares em flor

No metro, enlatados, corpos apertados suspiram ao ver-me entrar
Sem pressas que há tempo, dá gosto o momento, e tudo mais pode esperar
O puto do cão com seu acordeão, põe toda a gente a dançar, e baila o ladrão, com o polícia p'la mão, esvoaçam confetis no ar
Há portas abertas e ruas cobertas de enfeites de festas sem fim, e por todo o lado, ouvido e dançado, o fado é cantado a rir
E aqueles que vejo, que abraço e que beijo, falam já meio a sonhar se o mundo deu nisto e bastou um sorriso, o que será se ele me falar

Sou a mariposa bela e airosa, que pinta o mundo de cor de rosa eu sou um delírio do amor.
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa, que o amor é curto e deixa mossa, mas quero voar, por favor!


Deolinda


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