23 junho 2010

mente febril

não tenho qualquer vocação para freira.. mas até aí nada de novo.. eu já o sabia. nem tão pouco para eremita.. apesar de por vezes apreciar aqueles momentos passados apenas no silêncio da minha pessoa, mas.. eu preciso de estar com mais alguém que não eu. preciso de ter essa certeza.. preciso de ter aquela certeza de que em eu querendo o meu silêncio pode ser substituido pelo riso, pela companhia e pela voz de outra pessoa.. de outras pessoas. mesmo que seja para dizer parvoíces.. eu preciso desse fluir, dessa "transmissão de energias".. funciona para mim como uma transfusão de sangue, se quiserem entender assim o poder da coisa.

hoje é dia 23, quarta feira e não ponho o nariz fora de casa desde domingo de madrugada, quando assim que cheguei a casa a primeira coisa que fiz foi enfiar o pijama para dormir e acordar no dia seguinte como se o chuck norris tivesse passado à noite pelo meu quarto para.. showin' some love..
bom, traduzindo isto para linguagem de gente normal: doía-me o corpo à brava, tinha a elasticidade muscular de uma múmia e no ínicio da tarde os 7-0 de portugal contra a coreia fizeram-me subir a temperatura aos 38º mas assim, sem espinhas!


já estive tanto tempo deitada e tapada até ás orelhas que a cama para mim perdeu o seu encanto de sitio prazeiroso, em todas as suas vertentes..
consegui até esquecer a infeliz coicidência de que no dia em que adoeci foi exactamente o dia em que entrámos no verão, tal era o frio que sentia.. e o dia mais longo do ano foi passado de uma forma bem triste, mas enfim.. posso sempre tentar levar as coisas para outro lado do racíocinio e pensar que tive um micro clima só para mim. humm.. ok.

até agora os dias têm sido iguais, entre o estar febril e com frio, as dores nas costas.. pop the magic pill a.ka. ben-u-ron, 6 horas de algum descanso em que consigo comer alguma coisa.. beber constantemente àgua, sumos, cházinhos.. ah!.. e as sopas..
"bebe líquidos por causa da febre.." -- palavras da minha mãe que me fazem sentir que apesar de estar perto dos meus 30 continuo a precisar do mesmo acompanhamento nestas alturas como quando era miúda e ao mínimo sinal de febre ela me vinha meter a mão na testa, franzia a sobrancelha direita e depois de alguns segundos de suspense olhava para mim e alvitrava um: "humm.. isto parece-me que já vai pelo menos nos 38º..", rapidamente comprovados pelo velhinho termómetro de mercúrio.
não falhava. impressionante! por certo deve ser um dos poderes especias que as mulheres ganham quando são mães.. a exactidão na análise.
desta vez a abordagem não incluiu mão na testa nem termómetro de mercúrio, mas sim um breve "vou buscar o termómetro ao quarto do teu avô pra vermos isso.."; e assim foi: 38º.

isto da "clausura imposta" um dia ainda se atura, mas ao fim de 3 dias completos já começa a ser o suficiente para me deixar com a sensação de que estou a enlouquecer aos poucos.
ainda hoje de tarde dei por mim a falar sozinha na casa de banho enquanto lavava as mãos.. levantei a cabeça e dou-me conta do que acontecera naquele espaço de tempo quando vejo a minha cara a fixar-me do outro lado do espelho.. pálida e olheirenta.
decidi esquecer o incidente e arrastei-me de novo para o quarto.
não sei ao certo que dissertação interessante ocorreu ali entre aquelas paredes, mas.. como se não bastasse esse pormenor para começar a atestar a minha possível loucura, dou comigo minutos depois a cantarolar o refrão da nova música da lady gaga enquanto observo os curiosos trajes de um grupo de pseudo-soldados-gay que aparecem no dito vídeo com uns corpetes pretos e meias de rede.. "allez alejandro.. allez alejandro" enfim.. a sofya estava a apanhar o último comboio pra lalaland.
é que uma coisa é estar a falar sozinha porque não se tem ninguém para tagarelar as parvoíces que me passam pela cabecinha.. uma outra bem distinta é estar a perder o meu gostinho musical (que é coisa que muito prezo!)

mas bom, tudo tem sempre dois lados, um mau e um bom.. e até agora só mencionei o que faz parte do piorzinho, e não me querendo vitimizar, vou dar a volta ao texto.. e vai ser agora.
pois bem, eu sei que isto não é nada comparado com milhentas tragédias e situações bem fodidas (sim, eu digo asneiras e pelos vistos também as escrevo) que muitas pessoas passam e estão a enfrentar neste momento.. e neste.. e.. exacto, nete.
mas eu só posso falar abertamente do que eu sinto e do experiencio, e é por isso em jeito de conclusão antecipada, que aqui deixo este texto.
não tem nada de brilhante ou extraordinario, sei que já escrevi textos bem melhores que este, mais "arrumadinhos" em termos de prosa e construção gramatical, mas bem.. acho que pus os acentos todos no sítio, aventurei-me a escrever um foda-se só porque sim e porque se pudesse era o que ia ali gritar da varanda do meu 1º andar, mas..
acima de tudo este (texto) tem a crueza de ser mais honesto por não ter sido pensado previamente e aí sim, contém essa verdade.
escrever sem rede é assim.

este texto escrevi-o para mim, para desabafar.. para me ouvir.. para falar comigo.. para me entreter uns minutos.. para manter a sanidade.
e postá-lo aqui foi um acto de puro egoísmo. claramente.
isto porque.. é para mim que escrevo sempre, e tenho de dizer a quem me ou já leu e não voltou mais aqui que.. não me interessa. não me interessa mesmo.
não me rala não ter feedback bloguista.. isto porque quando comecei nestas lides e abri aqui o estaminé, ninguém -- mas ninguém mesmo -- foi informado da sua existência nem convidado para aparecer na suposta inauguração da casa para dois dedos de conversa fiada e uns copos de champagne aqui por conta da sofya.
and that's it.

eu sei que tenho esta forma meio torta e trocista de escrever, o que talvez deixe aberta uma janela bem grande de oportunidade para que quem casualmente me leia construa uma imagem possivelmente errada a meu respeito..
não querendo destruir essa preconcepção que cada um de vós -- sim, agora dirijo-me a vocês, vasto auditório que me lê sem pestanejar, agarrados a cada palavra minha.. ops.. pestanejaram, apanhei-vos, sacanas! muahahahahah -- ora bem, voltando a falar a sério, essa concepção que cada um de vocês poderá ter aqui da sofya.. pois deixem-me dizer-vos um segredo que fica aqui só para nós que ninguém nos ouve (ou lê): a sofya é um bocado avariada.
não é ser geek ou nerd porque no fundo nem esses termos podem ser correctamente aplicados neste caso.. será mais.. weird.
e apesar de poder haver por aí pessoal que possa advogar o contrário e dizer: "quem a sofya?.. é uma gaja fixe, essa sofya! um bocado marada, mas ainda assim uma porreira!" -- a verdade é que em muitos casos eu não me acho uma boa companhia para mim mesma, e sou gajinha para nem para mim ter paciência.
daí que este convívio forçado comigo mesma nos últimos dias ter sido coisinha nada fácil de aguentar. mas hoje, ao final do 3º dia, parece-me que nesse campo estou melhor e a reagir com mais calma e a dialogar mais pacificamente comigo mesma do que ao ínicio.
no ínicio há a fase da negação, o amuo parvo, o responder por vezes torto, o soprar pro canto, a choraminguice e a impaciência.. que acabou por dar lugar a um pouco de aceitação e tolerância perante o que temos simplesmente de aceitar e pronto.. sofya age como a adulta que é e como a adulta que quer ser tratada. logo não faço mais do que a minha obrigação ao agir como tal.

só para esclarecer um ponto, este texto está a ser escrito numa folha a4 branca sob o efeito de aumento de temperatura, boca seca e uma constante sensação de arrepios.. por isso, deem-me um desconto.
ou melhor, não. não deem.
porque tudo o que estou a escrever é exactamente o que estou a querer dizer.. e seria uma idiotice não assumir isso.

e bom, já me dói a mão e vão sendo horas de ver o dr.house a maltratar mais uns quantos coitados que lhe caem no colo, fazer tempo e ir pensando em ir para a cama. blarghhhh!
entretanto já não sei se me perdi no racíocinio e se nos entretantos não vos perdi também na saturação que é entrar nesta minha mente.
se calhar devia-vos ter avisado pro que vinham, ter dado um vomidrine a cada um e avisado que por aqui as viagens são sempre conturbadas. mas sinceras.

e é com essa sinceridade e com a febre que me invade que me despeço, a todos um grande bem- haja pela companhia (caso ainda aí estejam).. caso contrário tal como disse, não foi a 1ª vez que estive a falar sozinha.. e algo me diz que muito certamente não será a última.

1 comentário:

Mokas disse...

escreveste mesmo isto em papel e depois passaste a limpo para o blog?

Falar sozinho é banal...
experimenta desatares a rir no meio da rua porque te contaste uma anedota a ti propria.

Sofya, és mesmo wierd... but then again, "all the best ppl are"

Bora beber um cappuccino?
ahhhh não podes... estás de castigo...

Comi uma alheira ctg... e com a cookie... a enfermeira cookie...

Por falar em cookie, hoje olhei para húngaros e lembrei-me de ti. Ainda não tinhas escrito o post do Fink.

Vou roncar... amanhã é dia de trabalho e a noite vai ser de arromba!

Beijo
espero que estejas melhor.
senão, dá-me o numero da tua mãe para eu a convencer a obrigar-te a ir ao médico.