26 maio 2006

Outra vez














Apetece-me escrever frases soltas,
tão soltas que se perdem pelo ar.
Não quero fazer das frases minhas prisioneiras
e amarrá-las a uma folha branca,
de onde so saem através dos teus lábios.

E se tu não as leres?


Não, não as quero mortas.
Não quero fazer da folha branca
um túmulo de frases que esperam
rolar na tua língua.
Apetece-me soltar frases presas,

tão presas que custam a escrever.
Não quero ser prisioneiro das minhas frases,
e viver coberto de folhas brancas,de onde só saio quando tu vens.

E se tu não vieres?


Não, não quero estar preso.
Não quero fazer das frases mortas
o meu túmulo de lembranças que esperam que o esquecimento as solte.

Mata-me outra vez.

Com a mesma precisão da dureza de uma pedra,
ama-me outra vez.

Come-me outra vez
.

Com a mesma força de um guerreiro,
destroi-me outra vez.

Cega-me outra vez.

Com o mesmo calor de uma chama,
consome-me outra vez.

Foge de mim outra vez
.

Com a mesma coragem de um cobarde,
abandona-me de vez.

(o rapaz)

2 comentários:

Taliesin disse...

Que grande poeta anónimo...quem for que se acuse...muito bom!

Anónimo disse...

Looks nice! Awesome content. Good job guys.
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