do coração

ontem tive uma entrevista para um possivel trabalho.
ritual da praxe: ir bem apresentada (isto é, vestida à senhorinha), levar os papéis certos e assiduidade.. acima de tudo estar lá a tempo e horas!
acabei por chegar ao local com cerca de 20 minutos de antecedência, por isso para não parecer muito geek esperei num banco de jardim duma das grandes avenidas desta cidade e depois respirei fundo e lá fui.
tranquilo.
indicam-me a sala de espera onde estive à vontadinha uma hora a ver entrar e sair pessoas, uma azáfama.
nesse tempo deu para responder a três mensagens de alento e esquecer de dar os parabéns a uma amiga.
nos entretantos uma senhora com cerca de 60 anos que chegara e se sentara ao meu lado vira-se para mim com uns papéis que á primeira vista pareciam ser exames médicos e pergunta-me com um meio sorriso: "entende alguma coisa do que aqui está?"
sorrio de volta e digo que não, de facto não entendo. (nem aquilo nem milhentas coisas mais)
e pronto, foi o despoletar de uma conversa em que a tal senhora se lançou. num espaço de 20 minutos contou-me a vida quase toda.. e quando finalmente a chamaram, ela lá foi com um ar mais satisfeito e despediu-se com um "até já" e um sorriso.
eu definitivamente devo andar a desperdiçar um dom qualquer que faz com que as pessoas se aproximem de mim e se sintam confortáveis para falar.
não é a primeira e não será a ultima.
e eu fico a pensar que tenho de encontrar alguém que mostre a mesma paciência e queira apenas.. escutar.