espaço para devaneios, disparates, desvarios, desejos, insanidades momentaneas, estados de espirito, rascunhos, meras palavras que formam o esboço de qualquer coisa a que um dia decidi chamar blog.
12 abril 2011
ter um coração
de futuro vou querer escutar-te bem menos do que tenho feito.
tenho de pensar que és apenas um hóspede no meu peito.. e vais parar de me fazer sentir assim: á tua mercê. pra ti deve ser tudo uma piada, mas deste lado o bater escuta-se mais alto. tão alto que não entendo a tua falta de ouvido.
há coisas que me ultrapassam..
escrevesse eu estas palavras à tempos e teria duas reacções garantidas: isso nem parece teu, tu não és assim; e estás mas é maluca. -- isto viria claro de quem me conhece e sabe como sou e conhece os meus sentires, chamemos-lhe assim.
há quem lhe chame desencanto.. eu chamo sobrevivência. mas sim, eu não era assim, é uma verdade.
a verdade é que tenho um coração-de-pêga: dá-se com demasiada felicidade, salta cá dentro como se estivese em cima de um trampolim e põe-me o sangue a correr a uma velocidade boa, e quente, e viva. este meu coração é uma puta, mas daquelas que quer que lhe beijem a boca enquanto a possuem. mas agora ama-se em silêncio e com gestos poupados. porquê não sei.
às vezes penso que te acomodas aí do meu lado esquerdo do peito porque foi essa a realidade que sempre conheci, é o normal a todos.. o teu bater faz-me saber que estou viva, mas ultimamente esse teu bater incomoda-me.
não lhe ouço um eco.
e enquanto vais batendo assim parvamente, o facto é que te vais gastando mais depressa do que julgo, e depois de ti não terei outro pra te substituir.. apenas continuarás aí no meu peito, mas cada vez mais fraco, iludido e cheio de pensos rápidos pra te curar das maleitas e terei de viver contigo toda uma vida. por isso preciso de te poupar. ninguém me irá oferecer outro novo.
é um facto; o meu vai parar de bater estupidamente porque é o melhor que faço. a menos que um eco regresse.
isto de se ter um coração no peito só estorva.
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