20 fevereiro 2006

Abre los ojos

Abre los ojos..

abre los ojos..


Open your eyes.










Outro dia.. e já é mais um novo dia que chega e pergunto a mim mesma se vai conseguir ser diferente.. se vai conseguir surpreender-me de alguma forma..
ou melhor seria se a pergunta fosse: conseguirei eu ser diferente neste novo dia.
Mas de nada me adianta começar o dia com tantos pensamentos já a surgirem na minha mente quando mal consigo raciocinar com a clareza devida.
Hoje apetecia-me tirar férias de mim própria.. dar por mim a acordar num sitio diferente, de preferência distante e já agora se não fosse pedir muito (e mesmo que seja, a fantasia é minha eu imagino o que eu quiser!) numa praia deserta algures num cantinho deste planeta onde ainda exista alguma serenidade.
A verdade é que hoje acordei do lado errado da cama, acho que adormeci com os pensamentos trocados e como conclusão: o despertar não foi o que se pode chamar dos melhores.
Acho que sonhei contigo e não consigo encontrar justificações válidas para que isso tivésse acontecido a não ser que o nosso inconsciente arranja sempre forma de nos surpreender, mesmo que não seja pelos melhores motivos.
E se enfrentar uma segunda-feira já é duro o suficiente, assim torna tudo bem mais dificil.
A verdade é que eu não mudei assim tanto desde a nossa ausência (bonita expressão esta que arranjei para definir o que se passa..) eu não me transformei em nada do que já não fosse antes.
Mas também por vezes me encontro perante mim própria e não me reconheço muito bem.. mas eu não deixei de me preocupar com aqueles que de alguma forma já fizeram parte de mim.. tal como tu.
Mas os pensamentos são diferentes.. só tinham mesmo de ser. Já se passou tempo demais para que fosse de outra forma que não desta.
E eu não sei pensar diferente, não sei ser diferente.. e mesmo que isso fosse possivel, não sei se quereria ser diferente.
Eu só sei ser assim, só sei pensar assim, só sei sentir assim, só sei amar assim, só sei respirar assim, só sei chorar assim, só sei rir assim.. esta sou eu, e não outra.
Peço imensa desculpa, mas esta sou só eu.
Um dia chegou-te eu ser assim.. como sou.
Mas em algum lugar do caminho fiquei para trás sem me dar conta.. ou decidimos seguir por caminhos diferentes que sei que não se encontrarão mais á frente e por isso seguimos no escuro a sentir que seguimos por caminhos paralelos.

Não nos tocamos enquanto saías
Não nos tocamos enquanto saímos
Não nos tocamos e vamos fugindo
Porque quebramos como crianças.

Em algum momento do caminho me pediste para mostrar como eu era.. e despi a armadura que todos usamos para enfrentar aquilo que chamamos de vida e nos protegermos de alguma forma.. e mostrei-me a ti.
As minhas alegrias, o meu maior sorriso, os meus soluços de tristeza, os meus maiores medos, as minhas esperanças, os meus sonhos, as minhas derrotas, as minhas vitórias.. tanta coisa que nunca tinha mostrado a ninguém e te dei a ti. E me dei a ti.
Gostava de saber despedir-me daquilo que me é verdadeiramente importante, do que mais quero.
Terá sido nesse momento que partiste e eu não vi?
Ainda hoje penso quando terá sido esse momento em que não te vi partir..
Hoje queria saber quando foi para te ter podido dizer adeus.. não te iria agarrar nem pedir para ficares.. iria somente dizer-te adeus.
A pior partida é aquela que se faz sem uma despedida.. e tenho pena que assim tenha sido a nossa.

É quase pecado que se deixa.
Quase pecado que se ignora.

ao som de Toranja - Quebrámos os dois

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