03 setembro 2007

big city life

começou um novo mês. uma nova semana.
Lisboa vai começar a encher-se novamente de gente que agora regressa das férias. lá vai começar o trânsito, os stresses e aquele rebuliço citadino.
uma pessoa vai ali entalada nos transportes públicos, quer-me parecer que é quando sinto os meus pensamentos mais encadeados.. talvez seja resultado do facto de eu fazer uma força absoluta para não colidir o olhar com as pessoas que partilham a carruagem do metro/autocarro/camioneta.. nunca se sabe o que daí pode advir, e como não aprecio particularmente a invasão visual tento evitar e ali vou eu a ouvir o mp3, envolvida em pensamentos que dependendo dos dias são mais ou menos dignos de se considerarem relevantes.
mais ou menos exemplo disso foi uma viagem desde a margem sul até aqui á urbe.
durante esse percurso de cerca de 45 minutos desfilavam pela minha cabeça questões existênciais do género:
porque é que a maior parte das pessoas aquando da entrada na camioneta (ou autocarro) sente uma angustia tal de ficar em terra que desata a forçar a entrada, muitas vezes parecendo querer entrar não só no dito veículo mas também ao que parece levar-nos à frente?
deve ser porque gostaram da nossa companhia ou da nossa visão traseira, ainda não me decidi qual das hipótese validar como sendo a mais correcta.

depois pelo caminho questionava-me no porquê da maior parte das músicas que estava a ouvir no mp3 se referirem mais ou menos ao mesmo: eram músicas do tipo "estou prestes a fazê-lo contigo-porque te quero muito e olha lá pra mim agora que te estou a tentar seduzir-ou eu não aguento mais de desejo e estou a fazê-lo contigo-ou então foi tão bom e agora já não estamos-e tenho saudades, a ver se te apanho outra vez."
de vez em quando (principalmente no verão) dá-me vontade ouvir estas músicas do tipo pastilha elástica... e o óbvio a mim dá-me pra rir.

e num primeiro contacto á chegada enquanto saia de um supermercado ouvir da boca de uma senhora que costuma parar por ali: «ó rapariga, não me dás qualquer coisa pra eu comer uma sopa?»
eu esbocei um sorriso, não sabia bem o que lhe dizer de facto.
epah, talvez tivesse dado se esse pedido não tivesse vindo envolvido em baforadas de tabaco que por acaso a dita senhora estava a fumar nesse momento.
são as ironias desta vida nesta cidade em que colidimos uns com os outros.

1 comentário:

Delfim Peixoto disse...

A vida é mesmo assim....