vou esperar mais uns minutos até ouvir o silêncio do telefone que não toca... até ouvir o ruido surdo da tua passagem através dos espaços onde já estiveste... e agora nem sequer a tua sombra ficou...
vou lamber as minhas lágrimas e imaginar que na minha boca tudo o que ficou foi o teu sabor que tentei guardar para não te esquecer...
vou sair porta fora pra rua, esquecer o casaco e sentir na pele o frio a percorrer-me o corpo como se fossem as tuas mãos que antes me tocaram até me fazerem estremecer por dentro... até sair de mim e voar pra ti... hoje nao.. hoje nao...
olho o meu rosto numa qualquer montra de uma loja fechada pela hora tardia da noite... nao me reconheco... estou diferente... hà uma dureza que esconde o sorriso que outrora teimava em nascer de cada vez que te via... agora espero nunca te voltar a encontrar... pra que não consigas ler no meu rosto os estragos que deixaste... as marcas das minhas feridas que não saram porque não consigo que cicatrizem... tenho medo de voltar a casa e olhar para as paredes onde vivemos, deitar-me na cama onde estivemos e continuar a sentir-te lá... entranhado nos lençóis... a aguardar encontrar o teu corpo a meio da noite... mas vou regressar e abrir a janela... deixar entrar o ar... alguma luz... e cansar-me até adormecer e acordar amanhã pra te lembrar... (...)
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