espaço para devaneios, disparates, desvarios, desejos, insanidades momentaneas, estados de espirito, rascunhos, meras palavras que formam o esboço de qualquer coisa a que um dia decidi chamar blog.
06 janeiro 2006
Antídoto
Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das àrvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares.
As raizes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raizes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo.
Como sangue, somos lágrimas.
Como sangue, existimos dentro dos gestos.
As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos.
E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o unico objecto que pode ser tocado.
Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto.
«Antidoto», José Luis Peixoto
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