27 março 2007

devaneios ao som de Clint Mansell

a pele dela era branca, cheirava a algo doce, por definir , entre frutos e flores.. entre risos e choros .. era suave ao toque.. e ele nunca se cansava de esperar por sentir o cheiro dela.
mesmo quando ela não estava sentia-o em toda a parte.. imaginava-a a entrar em todos os lugares onde estava.. a sorrir-lhe.. a despenteá-lo, a correr pela casa, a espalhar-lhe todos os papéis agora meticulosamente arrumados em cima daquela mesma mesa..
ela era como a lua, estava sempre em constante mudança.. ria e chorava com a mesma facilidade com que ele nunca saia da sua "armadura" que vestira tanto tempo atrás, tanto que acabara por lhe perder a chave de saida.. por se acostumar a ser tão racional.. e a não entender como podia alguém ser tão terrivelmente aluada, carente, estranha.. e como é que mesmo não a entendendo conseguia ela exercer aquele fascinio quase magnético sobre ele que não o fazia conseguir fugir, que o intimidava, o questionava.. o fazia rever o seu modo de ser.. o fazia sentir vivo e menos frio.
porque é que lhe apetecia sempre abraça-la mesmo depois de uma discussão na qual ele sabia estar certo.. porque se sentia sozinho e vazio quando as mãos dela não o abraçavam pela cintura num abraço vindo quando ele não esperava.
porque se deitava todos os dias cansado de conviver consigo e a solidão tomava agora o espaço outrora ocupado pelo corpo dela..

fechou os olhos para dormir.
quando os abriu tudo à sua volta desaparecera.. ela desaparecera num de pó brilhante que a brisa soprou para longe, diante dos seus olhos, sem lhe dar a oportunidade de dizer o que ela mais desejara ouvir.

2 comentários:

J. P. disse...

After all this is a diary =)

sofya disse...

a isto não chamo propriamente de diario.. mas sim o resultado de escrever sob a influência de certas músicas (e também de ter estado a olhar fixamente para o pc demasiado tempo.. coisa que realmente causa os seus danos!) :D