18 março 2011

contra fatos não há gravatas
















.. e contra factos não há argumentos.
gosto. descobri que gosto e não é de hoje. mas foi gradual.. aprendi a gostar conforme (me) fui descobrindo.
mas sou mulher e ás mulheres não se exige com pressão que se dê o passo em frente.. muito pelo contrário, há todo um nevoeiro de vozes que nos dizem precisamente o contrário, e que nos metem caraminholas na cabeça de que tudo é mau e sujo e um bicho feio.. e que temos é de estar quietas e puras. puras é que temos de ser!
lembro-me dum episódio de à uns bons anos atrás.. devia eu ter os meus 15/16 anos, estava na igreja com mais pessoal da minha idade e estávamos a fazer uma coisa estranhíssima que era esperar em duas filas indianas pra nos irmos confessar. acho que tinha qualquer coisa a ver ou com profissão de fé ou com crisma. eu e um amigo meu íamos adiando a coisa, tentando convencer os de trás a trocarem connosco e irem primeiro e, bom.. basicamente estávamos a adiar o inevitável!
lá tive de ir pro confessionário -- lugar onde desde então não mais pus os pés! -- o padre cheirava a vinho e tinha um olhar de porco que me fez nauseas. antes de tudo mais pergunta-me se sou virgem e se me mantive pura aos olhos do Senhor. e quem sabe dos senhores.
já nem sei o que respondi.. completamente apanhada de surpresa com o teor da pergunta devo ter balbuciado um sim em voz sumida e disse os clichés do costume e bazei dali logo que pude. cá fora perguntei ao meu amigo se o padre o questionara quanto à sua pureza. ele riu-se e disse que não. ora pois lá está.. somos mesmo todos iguais aos olhos do Senhor. somos, somos.

ninguém nasce ensinado, vai-se despertando o que temos cá dentro por instinto, ao mesmo tempo que começa a crescer a vontade de ir desapertando a roupa e descobrir o que esconde por baixo. e não existe espaço onde uma pessoa se sinta mais desprotegida, sem lugar pra se esconder.. e onde seja tudo tão mais verdade que no sexo.
se existe lugar assim chama-se nudez. a nudez partilhada.
sim. eu gosto. não acho que haja nada de porco, feio ou mau. se fizermos o que sentirmos e unirmos o coração ao corpo.. somos sempre felizes.
infeliz de quem pensa o contrário.