17 março 2006

Como eu gostava que me visses


















Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio: no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram, ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto.
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre, tocando subtilmente, misteriosamente, a sua primeira rosa ou se quiseres me ver fechado, eu e minha vida nos fecharemos belamente, de repente, assim como o coração desta flor imagina a neve cuidadosamente descendo em toda a parte.
Nada que eu possa perceber neste universo iguala o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura compele-me com a cor de seus continentes, restituindo a morte e o sempre cada vez que respira... não sei dizer o que há em ti que fecha e abre; só uma parte de mim compreende que a voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas... ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas...


(e.e. cummings)

2 comentários:

NRF disse...

Mt bonito.... kisses***

Taliesin disse...

Um olhar

Por vezes as palavras não são fáceis de utilizar,
É então que um olhar pode afirmar,
Um sentimento singular,
Essa vontade que temos de iniciar.

Nunca devemos desistir, mas podemos tentar,
Com cuidado, sempre devagar,
Porque um olhar pode ser feroz e magoar,
Ou doce, exprimindo o verbo dar.

Mas nunca podemos descansar,
Porque um olhar fixo virado para o mar,
É tudo o que sonhamos encontrar,
É como estar á procura do significado…amar.

;-)**