Não te escondas

ouvi o teu riso a soar por todos os cantos da casa..
eu sei que andas por aí.. acabáste de chegar, ouvi o som do ruído do trinco da porta e o chiar das tábuas do soalho que ao rangerem anunciam a tua chegada.
não sei ao certo quanto tempo vais ficar, se vais sair já de seguida ou se vais permanecer por aqui, mas.. sei que não tenho tempo a perder, que já perdi demais.. vou-te arrastar num abraço e levar-te a fazer todos os mesmos disparates que juntos já fizémos.. rir até fazer doer.. magoar-te até te rires.. dexar-te olhares para mim com esse mesmo olhar de quando éramos duas crianças e nada entendiamos do mundo.. desse mundo do qual parece que fugimos quando estamos só nós..
talvez não sejamos nós a fugir do mundo mas sim ele que se esconde por breves momentos.. talvez..
até me custa a crer o quanto de ti conheço. às vezes penso que conheço mais de ti do que de mim mesma.. alturas em que adivinho os teus pensamentos, pressinto os teus estados de alma.. sei o que te faz sorrir, chorar.. sei o que te dá prazer, o que te tira do sério.. e até hoje ainda não entendeste como consigo terminar as tuas frases. ficas a julgar-te previsivel, mas acredita que não o és.. simplesmente falamos a mesma lingua.. apesar de te contrariar as vontades, de te baralhar com a minha maneira de ser, de te confundir quando julgas que vou seguir por um lado e tomo outro rumo.. eu sei que mais adiante vou sentir o teu braço a estender-se para mim e o toque da tuas mão a entrelaçar-se na minha..












por isso não corras, não te escondas..
esta casa é pequena e sabes bem que depressa te vou encontrar.. e que depois me vais dizer que não vais querer fugir.

ao som de Moby - Everloving